Pedrógão Grande: “A morte de 64 pessoas foi uma coisa devastadora”

Ministro do Ambiente fala sobre Pedrógão Grande, Almaraz e Marcelo Rebelo de Sousa.

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Ministro do Ambiente diz que o incêndio em Pedrógão Grande foi o momento mais complexo do Governo Nelson Garrido

Qual foi para si, o pior momento que o Governo atravessou até agora?
O momento mais complexo foi indesmentivelmente os dias a seguir àquilo que foi o incêndio de Pedrógão Grande. A morte de 64 pessoas foi uma coisa devastadora e, independentemente, das responsabilidades, qualquer um de nós e eu, particularmente, me interroguei bastante porque não havia outra forma de o poder fazer.

Do lado do Ministério do Ambiente, que contributo pode ser dado para prevenir situações como a de Pedrógão?
A actuação do Ministério do Ambiente foca-se nas áreas protegidas e nos parques naturais que correspondem a mais ou menos a 8% do território nacional. O papel que o Ministério do Ambiente tem aqui é claramente um papel na prevenção estrutural e é esse papel na prevenção estrutural que nos fez lançar o projecto-piloto da Peneda Gerês que dará resultados proximamente.

Neste momento temos 59 novos sapadores a trabalhar na Peneda Gerês, contratados especificamente para o efeito, com novos meios, com investimento muito expressivo no que diz respeito à reabilitação das áreas ardidas, à limpeza das matas e também com o reforço das redes de comunicações que não existiam numa parte muito expressiva da Peneda Gerês, que é muito importante em sede de socorro, mas também é muito importante para os habitantes que lá estão.

Certamente que outros projectos-piloto serão desenvolvidos para outras áreas.

Ainda na semana passada o Governo espanhol anunciou o encerramento da central nuclear de Garona. Está confortável com a solução encontrada para Almaraz?
O encerramento da central de Garona é obviamente uma muito boa notícia, independentemente de onde ela se localiza. É a garantia que já tínhamos que o Governo espanhol começa a concretizar aquilo com que se comprometeu e também se comprometeu com Portugal no sentido de ter um mix energético de curto e médio prazo e de não fazer depender excessivamente da energia nuclear a produção da energia.

Aquilo que aconteceu relativamente a Almaraz no processo que tivemos não teve a ver com a central, teve a ver com a construção de um aterro para resíduos nucleares onde Espanha esteve mal no início, porque tinha que fazer um estudo de avaliação ambiental transfronteiriço e não o fez ,e por isso Portugal agiu de forma tão firme com a queixa que apresentou. A nossa intenção não era punir ninguém, a nossa intenção era ter informação para poder fazer o julgamento e, de facto, a informação que nos foi dada permitiu-nos fazer um juízo, isto é, no que diz respeito à construção do aterro para resíduos nucleares em Almaraz que, certamente, é necessário no prolongamento do tempo de vida da central, mas também é necessário se ela for encerrada. Porque a energia que lá está tem de ter um destino e nós encontramos naquele aterro uma solução, que não quero discutir do ponto de vista da política energética espanhola, mas que enquanto projecto é um projecto bem feito e seguro e por isso Portugal retirou a queixa depois da solicitação da Comissão Europeia.

Votou em Marcelo Rebelo de Sousa? Acha que o PS devia apoiá-lo nas próximas presidenciais? Gostaria disso?
É público que fui apoiante do professor Sampaio da Nóvoa e quanto ao PS, nem sou do partido, essa é uma questão que o PS, a seu tempo, decidirá depois de saber se o professor Marcelo Rebelo de Sousa volta a ser candidato. Há uma coisa que não tenho a mais pequena dúvida: o professor Marcelo Rebelo de Sousa tem sido um excepcional Presidente da República.

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