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Vistas desiludido com “maledicência” de Isaltino

O actual autarca de Oeiras garantiu que o facto de conhecer o juiz não teve qualquer interferência no processo. Aliás, Isaltino também conhece o magistrado, disse. Conhecem-se do PSD, acrescentou.

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Paulo Vistas recandidata-se à autarquia de Oeiras Nuno Ferreira Santos

Sim, foi um dos padrinhos do juiz. Sim, se houve irregularidades na recolha de algumas assinaturas, essas não foram entregues no tribunal. Estas foram algumas das passagens em que o actual autarca de Oeiras admitiu ligações pessoais com o magistrado que recusou a candidatura do seu adversário político, Isaltino Morais, e eventuais confusões na recolha de assinaturas para se recandidatar à autarquia. Mas ressalvou: só soube quem era o juiz no fim de todo o processo, a sua candidatura não sofre de qualquer irregularidade e está “triste” e desiludido com Isaltino. Vistas que, “no passado”, deu “tudo do ponto de vista de pessoal e político” por Isaltino Morais, que o defendeu de boatos, agora recebe de volta o mesmo tipo insinuações: “Não esperava”, lamentou.

Na conferência de imprensa que deu nesta quarta-feira à noite, Paulo Vistas foi confrontando com eventuais irregularidades na recolha de assinaturas para a sua candidatura (concretamente, nem sempre ter sido visível quem eram os candidatos). Sobre isto, começou por contar que a PSP foi “várias vezes” aos pontos de recolha de assinaturas da sua candidatura e acusou Isaltino de ter tomado a iniciativa de chamar lá a polícia. Mas o essencial, vincou, é que os procedimentos que não cumpriram a lei foram anulados. E justificou esses incumprimentos com o facto de a candidatura incluir muita gente, pessoas “muito generosas”, mas que nem sempre dominam as regras em causa.

A polémica estalou na terça-feira em Oeiras, depois de a candidatura do movimento independente de Isaltino Morais ter sido rejeitada em tribunal – o juiz alega que as pessoas que subscreveram a lista não sabiam quem eram os candidatos, uma vez que os nomes não constavam do documento. Isaltino contestou de forma veemente esta tese, garantindo que o seu movimento independente cumpriu escrupulosamente a lei. E pôs em causa a imparcialidade do juiz, acusando-o de ter tido como padrinho de casamento Paulo Vistas e de ter fechado os olhos a irregularidades semelhantes na candidatura do seu antigo delfim.

“Inadmissível”

“No passado combati ao lado do Dr. Isaltino contra insinuações e boatos”, lamentou Paulo Vistas, acusando o anterior autarca de lhe estar agora a apontar as mesmas armas. Apesar de ter admitido conhecer o juiz que recusou a candidatura de Isaltino, de ter sido o seu padrinho de casamento, Vistas disse que só soube que era este magistrado a avaliar as candidaturas no fim de todo o processo e que esse facto não pesou em nada na decisão do juiz. E também lembrou que o próprio Isaltino conhece o magistrado, militaram todos no PSD e encontraram-se nas estruturas locais.

“O que o Dr. Isaltino está a tentar fazer é algo que não se faz – é condicionar os tribunais”, disse ainda, acrescentando que usar uma candidatura adversária com esse fim “é inadmissível”.

Outra das acusações que Isaltino Morais fez nesta quarta-feira foi a de que teve “conhecimento de que a mulher do juiz Nuno Cardoso trabalha, desde o mês de Maio deste ano, no laboratório dos Serviços Intermunicipalizados de Oeiras e Amadora [SIMAS].” Paulo Vistas garantiu que teve de ir confirmar se tal era ou não verdade, porque um presidente de câmara não tem “noção” das relações familiares todas que existem nas estruturas de Oeiras. Conclusão, disse: a mulher do juiz trabalha para uma empresa que presta serviços ao SIMAS.

Paulo Vistas aconselhou Isaltino a focar-se na sua própria candidatura, garantiu que não vai enveredar pela “baixa política” e classificou a atitude do antigo autarca como uma “jogada palaciana”. Sendo jurista, explicou, Isaltino percebeu que tinha feito “asneira” com a entrega da candidatura no tribunal e, por isso, a única saída que viu foi a “maledicência” e as “insinuações”.

Recorde-se que o actual autarca, Paulo Vistas, era o vice-presidente e braço direito de Isaltino, quando este liderava o concelho, antes de ter sido preso por fraude fiscal e branqueamento de capitais. Foi, aliás, na sequência dessa condenação que Vistas subiu à liderança do município. Agora, estão os dois frente a frente na corrida autárquica – isto se Isaltino conseguir resolver o imbróglio em que se viu metido desde terça-feira.

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