MAI e Costa já receberam todos os relatórios de Pedrógão. Divulgação só depois de análise

GNR, Inspecção-Geral da Administração Interna e Instituto das Telecomunicações já fizeram chegar as conclusões dos estudos a Constança Urbano de Sousa e a António Costa. PSD acusa executivo de ser "cruel" para com as vítimas de Pedrógão Grande.

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Pároco de Pedrógão diz que reconstrução tarda em chegar Nelson Garrido

Depois do incêndio de Pedrógão Grande, vários foram os estudos e auditorias pedidos quer pelo primeiro-ministro, quer pela ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa. Mas só agora, mais de mês e meio depois da tragédia, chegaram todas as respostas finais pedidas. Contudo, ainda não há data para divulgação, faltam acertar detalhes e analisar as conclusões.

Os esclarecimentos que ainda não tinham chegado ao Ministério da Administração Interna (MAI) diziam sobretudo respeito ao funcionamento da rede nacional de emergência e à responsabilidade do Estado nessa fiscalização. Na última semana foram entregues a auditoria e o estudo pedidos sobre o SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal), sem atrasos, garantiu ao PÚBLICO fonte oficial do MAI.

Na semana a seguir ao incêndio, quando se avolumaram as críticas ao funcionamento da rede nacional de emergência, Constança Urbano de Sousa assinou dois despachos a exigir respostas no prazo de 30 dias, que foram entretanto respondidas, mas as conclusões só serão divulgadas depois de uma "análise aprofundada" dos documentos, diz fonte oficial do MAI. Para já, o ministério não quer acrescentar mais informações.

Em causa está uma auditoria da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) ao cumprimento, por parte de outro órgão do ministério - a Secretaria-Geral do MAI -, de todas as obrigações legais e contratuais no que diz respeito à gestão, manutenção e fiscalização do funcionamento do SIRESP. Foi também concluída a primeira versão do estudo do Instituto de Telecomunicações ao funcionamento do SIRESP durante o incêndio de Pedrógão Grande.

Além destes dois documentos, também já chegou ao MAI e ao gabinete do primeiro-ministro o relatório final da GNR sobre a actuação em Pedrógão. O gabinete de António Costa garante que este será divulgado em breve, à semelhança dos anteriores. A GNR foi a primeira entidade a responder ao chefe de Governo, logo nos dias seguintes ao incêndio, admitindo que não tinha "qualquer indicador ou informação" sobre risco na estrada nacional 236-1 quando cortou o IC8 e direccionou alguns automobilistas para esta via.

Na EN 236-1, e nas vias de acesso, acabariam por morrer 47 pessoas, mas até ao momento não se sabe se alguma vítima resultou do encaminhamento feito pela GNR. Outra das questões que falta esclarecer prende-se com a não evacuação de aldeias próximas do IC8 onde morreriam pessoas - isto porque a estrada foi cortada por não ser segura, mas as aldeias próximas não foram evacuadas. Até agora, a GNR admite as dificuldades nas comunicações e a violência do incêndio devido às condições meteorológicas.

Além destes relatórios, está ainda a funcionar a comissão independente que deverá apresentar conclusões em meados de Setembro, tendo depois mais um mês para trabalhar e um estudo ao professor Domingos Xavier Viegas sobre o comportamento do incêndio.

PSD diz que Governo "é cruel"

As consequências do incêndio de Pedrógão continuam a fazer-se sentir no plano político. Ontem, o deputado do PSD Luís Campos Ferreira acusou o Governo de ser "cruel" na gestão que tem feito neste momento de tragédia. "É cruel, é muito cruel, desumano até, o Governo estar com rodriguinhos políticos, fazer oposição à oposição em vez de se dedicar de corpo e alma a resolver estes problemas", disse numa conferência de imprensa para reagir à entrevista ao PÚBLICO do ministro Adjunto, Eduardo Cabrita, que afirmou que "os portugueses penalizaram o PSD" pela reacção a Pedrógão. O deputado disse ainda que há pessoas que continuam "sem uma ajuda".

O pároco de Pedrógão Grande, Júlio Santos, foi no mesmo sentido. Disse à Lusa que muitos habitantes daquela zona estão "fartos de promessas" e acrescentou que não vê grandes evoluções: "Não tenho visto nada de palpável, nem sequer as placas de sinalização foram retiradas. Esse seria o primeiro sinal de que já andam a fazer alguma coisa", frisou.

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