Falta de acordo na Autoeuropa mantém ameaça de greve para 30 de Agosto

Esmagadora maioria dos trabalhadores chumbou pré-acordo estabelecido com a administração.

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Empresa liderada por Miguel Sanches diz que próximos passos serão “comunicados oportunamente”. Daniel Rocha

Os funcionários da Autoeuropa não aceitaram o acordo estabelecido entre a administração da empresa e a comissão de trabalhadores (CT), o que mantém activo o pré-aviso de greve para o dia 30 de Agosto.

Na sexta-feira à noite, pouco mais de 24 horas após ter sido comunicado o entendimento entre os responsáveis da fábrica da Volkswagen em Palmela e a CT, uma maioria formada por 74,8% dos trabalhadores rejeitou o acordo que envolvia compensações pelas alterações aos turnos e horários por causa do novo modelo, o T-Roc (um veículo utilitário desportivo). Num universo de 3472 funcionários, apenas 23,4% aceitaram o que tinha ficado previamente estabelecido.

"Conseguimos negociar uma compensação financeira para os horários que a empresa pretende implementar para assegurar a produção do novo veículo, sendo que esses horários são legais e deverão ser aplicados pela empresa, apesar desta votação", disse à agência Lusa o coordenador da comissão de trabalhadores da Autoeuropa, Fernando Sequeira. "Receio que os trabalhadores que votaram pelo ‘não’ ao pré-acordo não tenham percebido que pode estar em causa, pelo menos, uma parte da produção do novo veículo", acrescentou o mesmo responsável, escusando-se a prestar mais comentários sobre esta questão.

O novo veículo começa a ser produzido em Palmela (Setúbal) na semana que vem, tendo a Europa como principal mercado. Questionada pelo PÚBLICO, fonte oficial da empresa liderada por Miguel Sanches afirmou apenas que os próximos passos serão “comunicados oportunamente”.

De acordo com a Fiequimetal, federação de sindicatos afecta à CGTP, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE Sul) vai reunir-se no início da próxima semana com a administração da Autoeuropa.

Num comunicado com data desta sexta-feira, a Fiequimetal diz que foi “reafirmada a decisão de fazer greve a 30 de Agosto e foi entregue um abaixo-assinado à administração, subscrito por 1500 trabalhadores”. Segundo esta federação, “o horário deve ser de segunda a sexta e todo o trabalho extraordinário deve ser pago como tal”.

De acordo com as informações prestadas pela Autoeuropa na quinta-feira, o acordo estabelecido com a CT previa “um pagamento mensal de 175 euros adicional ao que está previsto na lei, 25% de subsídio de turno e a atribuição de um dia adicional de férias”. Isto, diz a empresa, representava “um incremento mínimo de 16% no rendimento mensal dos colaboradores abrangidos” pelo novo modelo de trabalho.

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A estratégia passa por ter seis dias de produção, com três turnos diários de segunda a sábado, “uma folga fixa ao domingo e outra rotativa ao longo da semana”.

Este novo regime laboral, com trabalho ao sábado e novos horários, é justificado pela necessidade de atingir o objectivo de montar mais de 200 mil veículos, “quase triplicando os números de 2016”, segundo o grupo alemão. Nesse ano, saíram de Palmela 85.126 unidades (como o Scirocco), menos 17% face a 2015, revelando-se o pior ano deste indicador desde 2006.

Já no primeiro semestre deste ano, de acordo com os dados mais recentes da associação do sector, a ACAP, foram produzidos 46.087 automóveis na Autoeuropa (um dos maiores exportadores em Portugal), o que representa uma descida de 2,3% face a idêntico período de 2016, tendo como principal destino a Alemanha.

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