Miguel Freitas chega a secretário de Estado a meio da reforma da floresta
Costa foi buscar um segurista, antigo director-geral do Desenvolvimento Rural, para concretizar uma das suas reformas estruturais. Depois do incêndio de Pedrógão, a escolha recaiu sobre o autor do relatório sobre incêndios que o parlamento aprovou por unanimidade em 2014.
Dois anos depois de o ter deixado de fora das listas para deputados, António Costa foi agora buscar à Comunidade Intermunicipal do Algarve o engenheiro agrónomo Miguel Freitas para o lugar de secretário de Estado da Floresta e do Desenvolvimento Rural. A sua principal tarefa será executar a reforma da floresta, uma das reformas estruturais em que o Governo aposta e que ainda está para aprovação na Assembleia da República.
A escolha após os grandes incêndios de Pedrógão e Góis não podia ser mais específica: Miguel Freitas foi o relator do grupo de trabalho sobre incêndios florestais da Assembleia da República que, em 2014, elaborou um duro relatório com diagnóstico e soluções, então aprovado por unanimidade.
Ainda há dois dias, Miguel Freitas recordou, num artigo de opinião no PÚBLICO, como esse relatório identificou debilidades e soluções, a começar pela coordenação das operações de combate a incêndios, defendendo um comando único. Aponta também "a instabilidade permanente nas autoridades de proteção civil e florestal", defende a duplicação da verba para prevenção e a criação de um Plano Nacional para a Autoproteção, "preparando, educando e investindo na organização das populações para dar resposta aos riscos do seu território".
O professor universitário e engenheiro tem um longo currículo no sector: a nível nacional já foi director-Geral de Desenvolvimento Rural, director Regional de Agricultura do Algarve, enquanto no tabuleiro europeu foi coordenador de Agricultura e Pescas da REPER (Representação de Portugal junto da União Europeia), presidente do Comité Especial de Agricultura da EU.
Miguel Freitas é também o terceiro “segurista” a integrar o Executivo de António Costa, depois de Jorge Seguro Sanches, secretário de Estado da Energia desde o início do mandato, e entra agora ao lado de Eurico Brilhante Dias, que vai assumir a pasta da Internacionalização.
Miguel Freitas foi deputado durante 10 anos, entre 2005 e 2015, tendo presidido à Federação do Algarve do PS durante a direcção de António José Seguro. Há dois anos, quando foi preterido das listas para a Assembleia da República, escreveu uma carta aos militantes socialistas dizendo não ter sido escolha sua deixar o lugar de deputado, mas sobretudo prestando contas do que fizera na última legislatura.
De regresso ao Algarve, foi eleito primeiro secretário da AMAL –Comunidade Intermunicipal do Algarve, e não voltou a candidatar-se à Federação do PS.