This is Not This Heat e The Pere Ubu Moon Unit anunciados para o Out.Fest
A histórica banda inglesa e uma nova encarnação da liderada por David Thomas estão entre os primeiros nomes para o festival barreirense. Entre 4 e 7 de Outubro, ouviremos também Simon Crab, Nocturnal Emissions ou Bookworms
É em Outubro, como habitualmente (acontece entre os dias 4 e 7). No Barreiro, como é obrigatório. O Out.Fest, Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro, que cumpre este ano a sua 14ª edição, começa a revelar-se e podemos afirmar, primeiro, que não há surpresas – neste sentido: o festival continuará a ser palco para música exigente, provocadora, transformadora, criada na esfera do rock, do jazz, da electrónica e suas várias intersecções. As surpresas chegam com o anúncio dos primeiros nomes: os históricos This Heat, enquanto This Is Not This Heat, e os igualmente históricos Pere Ubu de David Thomas, enquanto The Pere Ubu Moon Unit.
Os primeiros surgiram na segunda metade da década de1970 em Londres para criar algo inaudito: uma via paralela em que a atitude punk se manifestava numa ânsia experimental que, de arremedos folk nas vocalizações à audição atenta dos kraut-rockers alemães, passando pela vontade de dinamitar o rock para construir algo novo dos seus destroços, se tornaria influência marcante para bandas tão distintas como os Sonic Youth, Massive Attack, Oneida ou Caribou. Gareth Williams morreu em 2001, pouco após a banda se ter reunido em novos ensaios. Em 2016, Charles Bullen e Charles Hayward recuperaram a banda. This Is Not This Heat – mas são.
Quanto aos Pere Ubu, são nome fundamental da história marginal do rock. Liderados por David Thomas, dínamo de energia e sapientíssima enciclopédia rock’n’roll, partiram do garage rock e do proto-punk dos Stooges em busca de novas expressões, construindo desde final da década de 1970 uma discografia tão vasta quanto surpreendente. The Pere Ubu Moon Unit, o formato em que se apresentam no Barreiro, nasceu em 2014, quando os Pere Ubu decidiram apresentar-se numa digressão inglesa como a sua própria banda suporte, aproveitando esse espaço para actuações livres, sem rede.
Nos primeiros anunciados destacam-se ainda dois nomes que emergiram na década de 1980 como centros de exploração musical por excelência. Simon Crab pertenceu aos Bourbonese Qualk, banda de culto de forte pendor político, à esquerda, onde conviviam o industrial, a electrónica e a curiosidade por sons de outras latitudes. Desapareceram em 2002 e, catorze anos depois, Simon Crab editou o álbum After America, que será a base do concerto no Barreiro. Aos igualmente ingleses e contemporâneos Nocturnal Emissions não estamos certos de poder classificar com rigor como banda. Habitualmente associados ao industrial de uns Throbbing Gristle, são hoje veículo criativo do fundador Nigel Ayres e têm uma obra onde a electrónica, o noise, a música concreta ou electroacústica existem em articulação com outras manifestações artísticas.
Entre os nomes agora anunciados, estão também Jonathan Uliel Saldanha (colectivo SOOPA, HHY & The Macumbas), que se apresentará com o Coro dos Trabalhadores da Autarquia do Barreiro, e os Casa Futuro, ou seja, o combo formado por Pedro Sousa, Gabriel Ferrandini e Johan Berthling. Em cartaz, encontraremos igualmente Bookworms, ou seja, o produtor Nik Dawson, sedeado em Nova Iorque e que estreou o ano passado em LP o seu techno psicadelizado (Xenophobe), John T. Gast, colaborador e parceiro estético dos Hype Williams (Black is Beautiful teve o seu dedo) que editou o álbum de estreia, Excerpts, em 2015, e Jejuno, pseudónimo musical da fotógrafa e artista plástica Sara Rafael.