Ministro da Defesa: furto em Tancos é "grave" mas não foi "maior quebra de segurança do século"

Azeredo Lopes registou ainda, em entrevista à SIC, a coincidência entre o roubo de material militar dos paióis de Tancos e a decisão de reforçar o perímetro de segurança do local.

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Rui Gaudencio

O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, rejeitou nesta sexta-feira as considerações do tenente-coronel, João Paulo Alvelos, do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo que, à SIC, afirmou que o furto de material de guerra em Tancos foi a “maior quebra de segurança deste século em toda a União Europeia”.

"Não, não é”, afirmou o ministro em entrevista ao Jornal da Noite, da SIC. "Há quebras e falhas de segurança muito superiores. (...) Nem é preciso evocar os trágicos acontecimentos que têm varrido o continente".

Na quinta-feira, em Bruxelas, o ministro da Defesa tinha reconhecido que o roubo de granadas de mão ofensivas e munições das instalações militares "é grave" e garantiu que não ficará "nada por levantar" nas averiguações.

Na entrevista à SIC, o ministro disse ainda não querer avançar com insinuações, mas registou a coincidência entre o roubo de material militar dos paióis de Tancos e a decisão de reforçar o perímetro de segurança do local.

Azeredo Lopes afirmou registar a "circunstância peculiar da coincidência [do roubo] com a decisão do reforço do perímetro de segurança" dos Paióis Nacionais de Tancos, sublinhando, porém, não querer insinuar nada, nem "aligeirar carga" das responsabilidades.

Segundo um despacho publicado esta sexta-feira em Diário da República, o Ministério da Defesa Nacional autorizou, a 5 de Junho, uma despesa de 316 mil euros, mais IVA, para a "reconstrução da vedação periférica exterior no perímetro norte, sul e este dos Paióis Nacionais de Tancos", Vila Nova da Barquinha.

Em comunicado, o Exército anunciou na quinta-feira que foi detectada quarta-feira ao final do dia a violação dos perímetros de segurança dos Paióis Nacionais de Tancos e o arrombamento de dois “paiolins”, tendo precisado que entre o material de guerra roubado estão "granadas foguete anticarro", granadas de gás lacrimogénio e explosivos, mas não divulgou as quantidades.

O ministro referiu ainda a ordem que deu para serem avisados os aliados internacionais do ocorrido e que aos parceiros da NATO "foi dita a verdade" e reconheceu que "não é admissível a falta de videovigilância" no local. 

Esta sexta-feira à noite, Azeredo Lopes comentou ainda que cabe ao ministro da Defesa "alocar ao exército a função de garantir a segurança de instalações militares", explicando o processo legal e burocrático de lançamento de concursos, como o referente à vedação de Tancos.

PSD e CDS-PP anunciaram que querem ouvir o ministro da Defesa no parlamento sobre este assunto. O PSD requereu também a audição do chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte.

O PCP classificou o assalto a um paiol militar em Tancos como um "caso de extrema gravidade a necessitar de todo o apuramento, incluindo a retirada de consequências", enquanto o BE questionou o Governo, querendo saber o que falhou e que medidas serão tomadas para o recuperar, pedindo esclarecimentos sobre a eventual avaria na videovigilância.