Yamandu Costa abre o Festim e convida Ricardo Ribeiro para o palco do Trindade

Exímio violonista brasileiro dá início ao festival com concertos em Albergaria-a-Velha e Oliveira do Bairro; no sábado, canta em Lisboa.

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Yamandu Costa com o seu violão de 7 cordas DR

Cada visita de Yamandu Costa a Portugal é uma festa e um motivo de júbilo. E quem o viu tocar uma vez dificilmente perderá as seguintes. Pois agora ele volta para um total de três concertos, dois a Norte e um a Sul. Primeiro na abertura da nona edição do Festim! – Festival Intermunicipal de Músicas do Mundo), esta quinta-feira em Albergaria-a-Velha (Cineteatro Alba, 22h) e na sexta-feira em Oliveira do Bairro (Quartel das Artes, 22h), depois em Lisboa, no sábado, no festival Há Música no Trindade, no teatro homónimo (às 21h30), com Ricardo Ribeiro por convidado.

Nascido em 24 de Janeiro de 1980 em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, filho da cantora Clari Marson e do trompetista e violonista Algacir Costa, Yamandu recebeu a inspiração musical dos pais, mas também dos países vizinhos, Argentina e Uruguai. Começou a estudar violão com o pai, aos sete anos, e chegou a tocar guitarra eléctrica. A técnica incrível que hoje tem, no violão de sete cordas, desenvolveu-a por si próprio. Primeiro a ouvir a música de Radamés Gnatalli, depois Baden Powell, com quem tocou ao vivo. Outra das suas grandes referências é o genial violonista Raphael Rabello (1962-1995), a quem ele dedicou o tema Samba pro Rafa no seu mais recente disco, Quebranto, recém-lançado e gravado em parceria com o também violonista brasileiro Alessandro Penezzi.

Os concertos de Yamandu em Portugal têm, porém, outro título, o de um tema que ele compôs para adormecer o seu filho bebé numa noite de cólicas: Bem-Vindo. “Porque é uma música muito íntima”, diz Yamandu ao PÚBLICO. “Uma coisa que normalmente acontece nos meus concertos a solo, principalmente nos lugares em que consigo falar, comunicar, como em Portugal ou Espanha, é conseguir trazer muito as pessoas para perto. Então eu falo, conto histórias. Isso funciona como amortecedor e a música acaba chegando melhor. Bem-vindo é também a minha intimidade, a minha música.”

O repertório em Portugal será, diz, variado. “Vou fazer um concerto solo, com coisas que eu toco nos últimos anos, tem músicas novas e outras que eu toco há já bastante tempo, como El negro del blanco, o próprio Bem-vindo, o Porro, que é uma música colombiana. Eu ando cada vez mais entendendo que a minha contribuição para essa história toda do violão brasileiro é a proximidade com o violão latino-americano, a música argentina, a música uruguaia, da região das Pampas, de onde eu venho. Então eu cada vez mais me sinto com vontade de mostrar isso e de aproximar essas linguagens.”

Em disco, essas linguagens misturam-se menos do que em palco. “O meu trabalho é muito dividido. Entre a música do Sudeste, que é a linguagem do choro, do samba, e a música do Sul.” Tocata à Amizade, por exemplo, disco de 2014, tem essa linguagem. “Eu tento deixar claro em cada trabalho quais são as características, porque é muito difícil misturar essas linguagens sem parecer forçado.” No palco “é outra coisa”.

E é no palco do Teatro da Trindade, em Lisboa, que ele terá consigo a voz de Ricardo Ribeiro. “Conheço-o há bastante tempo, gosto muito dele cantando. Acho que somos jovens velhos, porque a gente adora a tradição, não só do fado e da música brasileira, mas do tango, do flamenco, da música latina, dos boleros, esse sentimento todo.”

No Festim, além dele, actuarão ainda Bombino (Níger), Susana Baca (Peru), Hazmat Modine (EUA), Lura (Cabo Verde), Les Violons Barbares (Mongólia, Bulgária, França), Kocani Orkestar (Macedónia). No Festival Há Música no Trindade será possível ouvir, até final do ano, Tatanka (na abertura, dia 23), José Manuel Neto (7 e 8 de Julho), Dead Combo (27 e 28 de Julho), Salvador Sobral (6 e 7 de Outubro), Vitorino com João Paulo Esteves da Silva e Filipe Raposo (13 e 14 de Outubro), Frankie Chavez (27 e 28 de Outubro) e ainda Mário Laginha com Tcheka (15 e 16 de Dezembro).

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