Avião da Aero Vip faz manobra para evitar colisão com drone em Cascais

Este é o segundo incidente nesta semana envolvendo drones e aviões e o quarto nas duas últimas semanas.

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A Associação Portuguesa de Aeronaves Não Tripuladas alertou para os riscos inerentes a estas práticas Reuters/FRANCOIS LENOIR

Um avião da Aero Vip teve esta sexta-feira de realizar uma manobra para evitar a colisão com um drone a 300 metros de altitude quando estava em aproximação para aterrar no Aeródromo de Cascais, disse à agência Lusa o piloto.

"Na aproximação à pista 35 de Cascais vislumbrei um objecto que julguei ser uma ave. Ao aproximar-me, apercebi-me de que se tratava de um drone de grandes dimensões, de quatro rotores. Tive de mergulhar, aumentar a razão da descida, para evitar a colisão com o drone, que passou a cerca de cinco metros acima da asa esquerda", relatou Jorge Cernadas à Lusa.

O comandante acrescentou que o incidente ocorreu pelas 18h, num momento em que o drone "estava a cerca de 300 metros de altitude, na linha de voo que o avião seguia" sobre a vila de Tires (distrito de Lisboa), a "dois, três minutos de aterrar".

O Dornier 228, com 14 pessoas a bordo, já estava então com a configuração de aterragem e com o trem em baixo.

O piloto classifica o incidente, algo que nunca lhe tinha acontecido, como "muito grave". "Se houver uma colisão, pode provocar um acidente e colocar em causa a segurança da aeronave e dos ocupantes", alertou Jorge Cernadas, que reportou a ocorrência à torre de controlo do Aeródromo de Cascais e que vai também comunicá-la ao Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF).

O avião (com capacidade para 18 passageiros) tinha descolado de Portimão para o Aeródromo Municipal de Cascais, em Tires, com 12 passageiros e dois tripulantes. O destino final foi Bragança, onde aterrou entretanto.

A companhia Aero Vip, do Grupo Seven Air, é responsável pela ligação aérea regional Bragança-Vila Real-Viseu-Cascais-Portimão, e vice-versa, efectuada diariamente.

Este é o segundo incidente nesta semana envolvendo drones e aviões e o quarto nas duas últimas semanas. É também o oitavo incidente conhecido deste tipo desde o início do ano. Na quarta-feira à noite, um avião da TAP, com cerca de 130 passageiros, cruzou-se com um drone a 700 metros de altitude, quando se preparava para aterrar no Aeroporto de Lisboa.

O Airbus 319, proveniente de Milão, Itália, "cruzou-se" com o drone por volta das 21h, no momento em que a aeronave estava à vertical da Ponte 25 de Abril, na zona de Alcântara, e a poucos minutos de aterrar no Aeroporto Humberto Delgado.

A 1 de Junho, um avião que se preparava para aterrar no aeroporto do Porto quase colidiu com um drone a 450 metros de altitude, obrigando os pilotos de um Boeing 737-800, da companhia TVF, France Soleil, grupo Air France/KLM, a realizar várias manobras.

Esse incidente ocorreu cerca das 16h40, no momento em que o Boeing 737-800, com capacidade para cerca de 160 passageiros, estava na aproximação final para aterrar, a 3,5 quilómetros da pista 35.

Após este incidente, a Associação Portuguesa de Aeronaves Não Tripuladas (APANT) alertou para os riscos inerentes a estas práticas, aludindo ao regulamento aprovado pelo regulador do sector.

O regulamento da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) proíbe o voo destes aparelhos a mais de 120 metros de altura, uma medida que pretende precisamente "minimizar a interacção com a aviação geral", e nas áreas de aproximação e descolagem de um aeroporto, "uma vez que são consideradas fases críticas de voo", sublinhou a APANT.