PCP critica escolha de Lacerda Machado para a TAP
Comunistas apontam discutíveis opções de gestão
O PCP criticou nesta segunda-feira a escolha dos representantes do Estado para empresas públicas como a TAP, considerando que no caso da transportadora aérea nacional o nome de Diogo Lacerda Machado está ligado a discutíveis opções de gestão.
“Os nomes indicados para a TAP, onde se inclui Miguel Frasquilho, quadro do PSD que esteve ligado ao BES e à política de privatizações de anteriores governos, e de Lacerda Machado ligado a discutíveis opções de gestão da TAP, entre outros, merece crítica do PCP”, referem os comunistas numa nota divulgada hoje.
Para o PCP, “a opção de defesa do interesse público, designadamente no sector da aviação civil exige uma outra política que enfrente os interesses do capital monopolista, sejam os da AZUL na TAP, sejam os da Vinci nos aeroportos nacionais e pressupõe também a escolha de pessoas que dêem essas garantias”.
No domingo, em declarações à agência Lusa, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, considerou que Diogo Lacerda Machado "já deu provas de saber negociar vários dossiês complexos, mas sobretudo saber interpretar bem os interesses públicos".
"A nomeação de Diogo Lacerda Machado, como representante do accionista público, é um corolário de ter sido ele, justamente, quem representou e actuou em nome do Estado no regresso do capital público à empresa. Está a representar quem antes representou, e muito bem", disse por seu lado o líder parlamentar socialista Carlos César numa declaração à agência Lusa.
O ministro das Infraestruturas e o líder parlamentar do PS respondiam às críticas do presidente do PSD e antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que no sábado afirmou ser "uma pouca-vergonha" o Governo nomear para a administração da TAP Diogo Lacerda Machado, que foi "o mesmo homem que andou a negociar a reversão" da privatização da transportadora.
O PCP considera a TAP uma empresa estratégica e “responsável por uma parte significativa das exportações, incluindo no turismo, assume um papel determinante na coesão do território e na ligação à diáspora”.
Nesse sentido, critica ainda o anterior governo PSD/CDS-PP, que “procedeu à privatização de 66% da empresa, entregando-a a uma multinacional brasileira - AZUL, tal como entregou outras importantes empresas estratégicas ao capital estrangeiro de que é exemplo a ANA aeroportos, condicionando assim o futuro da TAP e de todo o sector da aviação civil”.
“A reversão parcial da privatização da TAP (ficando o Estado com 50%) adoptada pelo Governo PS, no quadro da nova fase da vida política nacional, não respondeu ao que a defesa do interesse nacional exigia: a recuperação do controlo público total da empresa”, defende o PCP.
Também a líder do BE, Catarina Martins, se pronunciou no domingo sobre este assunto, tendo defendido que o Governo do PS tem que acabar com "velhos hábitos" na nomeação de administradores para empresas públicas e criticou as declarações de Passos Coelho, afirmando que este agiu da mesma forma quando estava a chefiar o executivo.
No domingo, na SIC, o comentador Luís Marques Mendes revelou que Esmeralda Dourado, administradora da SAG, Bernardo Trindade, ex-secretário de Estado do Turismo e António Gomes de Menezes, ex-presidente da companhia aérea SATA, serão os outros três administradores não-executivos da TAP indicados pelo Estado aos quais se juntam os outros membros do elenco da administração que tinham sido revelados pelo Expresso: Miguel Frasquilho, ex-presidente da Aicep, que será o presidente do conselho de administração, Ana Pinho, presidente do conselho de administração de Serralves e o advogado Diogo Lacerda Machado.