Côa vai ter videovigilância, mas ainda não é já

PCP considera “inacreditável” que após o acto de vandalismo que desfigurou um importante exemplar de arte rupestre ainda não tenham sido adoptadas medidas de contingência.

Foto

Chamado de urgência ao Parlamento pelo PCP na sequência do acto de vandalismo que em Abril desfigurou a gravura do “Homem de Piscos” – uma das mais importantes rochas gravadas do Parque Arqueológico do Vale do Côa –, o ministro da Cultura assegurou esta terça-feira que a instalação de um sistema de videovigilância será uma das prioridades da nova direcção da Fundação Côa Parque. “O Conselho Directivo que dentro de um mês tomará posse iniciará funções com a preocupação de atender aos problemas de vigilância”, disse Luís Filipe Castro Mendes aos deputados da Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura.

As garantias dadas pelo ministro são porém insuficientes para o PCP, que considera “inacreditável” a demora do Governo na adopção de “medidas de contingência”: “O Governo está abster-se de cumprir os compromissos internacionais assumidos no que diz respeito à salvaguarda daquele património. É um ónus muito pesado. Tem de haver medidas de contingência já, não podemos ficar um mês à espera”, exigiu Ana Mesquita, propondo “guardaria imediata” para os três núcleos visitáveis do parque: Canada do Inferno, Penascosa e Ribeira de Piscos, o local onde em Abril dois ciclistas vandalizaram a mais emblemática representação antropomórfica de todo o Vale do Côa e que está “sem qualquer vigilância pelo menos desde o final de 2014”. Mas há outros problemas por resolver no Côa, lembrou ainda a deputada comunista, nomeadamente após a saída, por reforma, do director do parque, António Martinho Baptista: “Deixou de haver uma cara no terreno para resolver os problemas da gestão corrente.”

Castro Mendes insistiu que este Governo está empenhado na “revitalização” do Côa, após “os anos de chumbo” em que o executivo de coligação PSD/CDS-PP “secou” a fundação com “cortes duríssimos”: “Não há dúvida de que houve má vontade em relação à Fundação Côa Parque, vontade de a afogar. As gravuras não sabem nadar, mas as fundações também não…”. E garantiu que se até aqui a prioridade foi “pagar a dívida, equilibrar as contas e assegurar os salários em atraso”, a promulgação do decreto-lei que estabelece os novos estatutos da Côa Parque (e que aguarda agora a publicação em Diário da República) permitirá o seu “verdadeiro relançamento” – nomeadamente com a escolha, por concurso público internacional, de um novo director.

Sugerir correcção
Comentar