Metro do Porto vai precisar de mais 54 milhões de euros para expansão da rede
Novas linhas implicam a compra de mais veículos, cujo modelo e fonte de financiamento estão a ser estudados.
O presidente da Metro do Porto, Jorge Delgado, revelou nesta quarta-feira que a expansão da rede do metropolitano no Porto e em Gaia vai implicar um investimento suplementar, que pode chegar aos 54 milhões de euros, para reforço da frota de material circulante. A empresa ainda está a trabalhar em cenários que implicam a aquisição de 14 a 18 veículos, necessários, principalmente, para aumentar a capacidade da Linha Amarela, entre Gaia e o Hospital de São João. Àquele valor soma-se mais 287 milhões de euros de investimento em duas linhas.
Jorge Delgado esteve esta terça na reunião do Conselho Metropolitano do Porto, mostrando a este accionista da Metro o trabalho desenvolvido nos últimos meses e que levou à assumpção, em Fevereiro, do investimento numa linha entre a Casa da Música e São Bento (181 milhões de euros) e na extensão da Linha Amarela entre o seu término sul actual, Santo Ovídeo, e a zona de Vila D’Este, em Gaia (106 milhões). O gestor explicou que enquanto preparam o lançamento, em Junho, do concurso para os projectos de execução, estão a ser trabalhadas com as finanças as fontes de financiamento para esta expansão, na qual terá de ser incluída verba para o material circulante.
A Metro do Ponto pretende reforçar a capacidade da linha Amarela, seja em número de veículos duplos a circular, seja no aumento da frequência. Nesse sentido, a empresa está já a trabalhar no sistema de semáforos, para encurtar os tempos de passagem e, dessa forma, reforçar a oferta na mais procurada das linhas do sistema. Apesar de se prever que o prolongamento para Vila D’Este só estará concluído em 2021, já se sabe, neste momento, que no novo troço a frequência de veículos será menor do que entre Santo Ovídio e o Hospital de São João, mas que, face ao aumento da procura, o material circulante disponível neste momento não dá a resposta necessária.
Com 102 veículos na frota, sem comprar material circulante, para reforçar em Gaia, a Metro teria de diminuir a oferta (em número de veículos duplos a circular) noutros pontos da rede. Com a aquisição de 14 a 18 veículos do tipo Eurotram (semelhantes aos 72 que circulam na zona mais central da rede – embora não necessariamente do mesmo modelo da Bombardier), esse problema será resolvido. Os 30 veículos tram-train, um misto de comboio e metro, com mais lugares sentados, continuam a ser usados para as linhas mais longas (Póvoa de Varzim, Maia e Gondomar).
Atrasos na expansão da rede Andante
O investimento em transportes esteve na ordem do dia desta reunião do conselho metropolitano do Porto, na qual o presidente da Câmara de Paredes, Celso Ferreira (PSD), se queixou da demora no alargamento do tarifário intermodal Andante àquele concelho. O social-democrata, que não se recandidata nas autárquicas de 1 de Outubro, estranha que, depois de ter anunciada para Janeiro a cobertura de toda a Área Metropolitana, Paredes seja mantido de fora, e questionou-se se não haverá “mão política” a prejudicar o concelho e a condicionar o debate autárquico local, onde o tema tem sido usado na pré-campanha, pelo PS local, contra o seu partido.
O presidente da Câmara de Gondomar e coordenador da área dos transportes na Área Metropolitana, Marco Martins (PS), explicou que um dos problemas para o atraso estará na demora da aquisição de novas máquinas de validação de cartões Andante. Mas pelo que o PÚBLICO conseguiu apurar, o problema, que afecta desde logo os utilizadores da Linha do Douro, incluindo os que usam uma estação em Valongo, será mais de outra ordem. A CP, que está também a negociar a integração da Linha do Vouga no Andante, pretende tomar estas decisões em pacote, para pedir à tutela a necessária autorização de investimento. A empresa liderada por Manuel Queiró já aceitou, entretanto, que, em favor dos utentes, o novo mapa do Andante contemple menos uma zona na área do concelho de Paredes, o que implicará uma perda de receita anual de 40 mil euros, em tarifas.
Só depois de assinado um acordo com a CP é que os Transportes Intermodais do Porto poderão comprar novas máquinas de emissão de bilhetes e de validação de cartões Andante, bem como adaptar todas as máquinas existentes ao novo mapa de zonamentos, que passa a incluir zonas até aqui não abrangidas pelo sistema. E isso pode ainda atrasar mais este alargamento, tido como uma prioridade para a Área Metropolitana, que é, desde 2015, a autoridade de transportes da região.