Draghi diz que zona euro continua a precisar dos estímulos do BCE
Presidente do banco central diz que retoma está mais sólida, mas inflação ainda não regista a subida desejada.
Apesar de a economia da zona euro estar a mostrar um maior dinamismo, a taxa de inflação continua sem dar sinais de sair dos níveis baixos em que se encontra, garantiu esta segunda-feira o presidente do Banco Central Europeu, concluindo que, por isso, os estímulos monetários são para manter.
Na sua participação regular no comité de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, Mario Draghi deixou mais tranquilos aqueles que temiam que, na próxima reunião do Conselho de Governadores do BCE agendada para 8 de Junho, fossem dados sinais claros de uma iminente retirada da política expansionista que tem vindo a ser seguida nos últimos anos pela autoridade monetária europeia.
“Mantemo-nos firmemente convencidos que uma quantidade extraordinária de apoio da política monetária, incluindo através de uma orientação em relação ao futuro, ainda é necessária”, afirmou o presidente do BCE.
Neste momento, para além de manter as taxas de juro a níveis historicamente muito baixos, o BCE continua a ter em vigor o seu programa de compra de activos (principalmente títulos de dívida pública) que serve para injectar liquidez na economia.
A expectativa em relação ao início da inversão destas políticas tem vindo a aumentar à medida a que se assiste a uma aceleração da economia da zona euro. No entanto, Mario Draghi esclareceu aos deputados europeus que, para além de um maior crescimento da economia, os responsáveis do BCE querem ver também a taxa de inflação dar sinais de estar a sair de forma sustentada dos níveis baixos em que caiu nos últimos anos, algo que ainda não estará a acontecer.
“As pressões internas nos custos, nomeadamente as vindas dos salários, são ainda insuficientes para apoiar uma convergência duradoura e sustentada da inflação em direcção ao nosso objectivo de médio prazo”, disse o líder do BCE.
A autoridade monetária tem no seu mandato o objectivo de colocar a médio prazo a taxa de inflação num valor “abaixo mas próximo de 2%”. O risco tem sido, não o de um sobreaquecimento da economia com variações de preços demasiado altas, mas mais o de um prolongamento excessivo da inflação baixa que possa conduzir à armadilha da deflação. A recente subida na inflação na zona euro deveu-se, de acordo com a maioria dos responsáveis do BCE, ao efeito temporário do aumento dos preços dos bens petrolíferos.
Para Portugal, o sinal dado por Mario Draghi de manutenção dos estímulos do BCE, tem uma grande importância. A economia portuguesa, devido ao seu elevado nível de endividamento privado e público é uma das mais sensíveis a eventuais subidas das taxas de juro. E, para além disso, as compras de títulos de dívida pública por parte do BCE têm sido fundamentais para facilitar o acesso do Estado aos mercados através das suas emissões de obrigações.
Ainda assim, no seu discurso no parlamento europeu, o presidente do banco central fez questão de mostrar um maior optimismo em relação à evolução da economia, afirmando que “a retoma está a tornar-se cada vez mais sólida e continua a alargar-se pelos vários sectores e países”.