As abelhas de Manchester regressam em força como marca do atentado
Depois do atentado de 22 de Maio em Manchester, centenas de pessoas decidiram tatuar uma abelha, insígnia da cidade, como prova da comunidade unida mesmo em momentos de inquietação.
Depois do atentado desta segunda-feira em Manchester, que matou 22 pessoas e fez 75 feridos, a cidade retomou um dos seus símbolos apagados pelo tempo: as abelhas. O atentado, que foi reivindicado pelo Daesh e fez com que o nível de alerta de terrorismo no Reino Unido subisse de “grave” para “crítico”, fez com que vários cidadãos partilhassem abelhas nas redes sociais e até as tatuassem, por solidariedade.
As abelhas que simbolizam Manchester são, mais especificamente, as abelhas-operárias e assinalam o passado da cidade britânica, ligada à revolução industrial. Nos anos 1800, segundo o Manchester Evening News, as fábricas têxteis abundavam em Manchester, sendo frequentemente chamadas de “colmeias” e, por conseguinte, os seus trabalhadores eram chamados de “abelhas”. Agora, as abelhas passam a simbolizar não só a indústria e a cidade, mas também a capacidade da comunidade de superar e reagir perante a aflição do ataque levado a cabo pelo Daesh.
De uma forma discreta, as abelhas integram até o próprio brasão de armas da cidade de Manchester, datado de 1842, do qual também faz parte um leão e um antílope. Pela cidade, surgem em sítios inesperados: desde as abelhas destacadas nas centenas de caixotes do lixo às abelhas que substituem os números do relógio do Palace Hotel ou ainda as que fazem parte do padrão do chão da câmara municipal da cidade. Há até um site, o Manchester Bees, que reúne num mapa a localização de todos os sítios da cidade que tenham referências a abelhas.
Neste mesmo site, foi feita uma publicação na sexta-feira que divulgava – na sequência do atentado e consequente partilha de abelhas – uma sessão de tatuagens que se prolongará durante o fim-de-semana. Vários estúdios de tatuagem participaram com o intuito de tatuar um só símbolo: a abelha de Manchester.
A BBC noticia que, nesta sexta-feira, centenas de pessoas se juntaram para fazer essas tatuagens, criando longas filas de espera. Em vez de pagarem a tatuagem, são doadas 50 libras esterlinas (cerca de 57 euros) para apoiar as famílias dos que morreram ou ficaram feridos, em grande parte crianças e adolescentes. Molly Rilance foi uma das primeiras pessoas a fazer a tatuagem: “Quero que isto lembre não o que aconteceu, mas a forma como fomos resilientes enquanto comunidade e como toda a gente se manteve unida”, disse, citada pela BBC.
O deputado britânico Jonathan Reynolds partilhou na sua página do Facebook três fotografias da abelha que tatuou no seu antebraço, referindo-se a ela como a sua “primeira (e provavelmente a última) tatuagem”. Ainda assim, considera a ideia “positiva, unificadora e brilhante”, já que resulta não só na recolha de fundos para ajudar as famílias mas funciona também como uma prova do espírito que se vive em Manchester.
Possibly not you usual MP style post, but I'm proud to have just had my first (& probably last!) ever tattoo done in...
Posted by Jonathan Reynolds on Thursday, 25 May 2017