Baleias só começaram a crescer nos últimos três milhões de anos

O que levou as baleias a aumentarem tanto de tamanho tem sido um mistério.

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Baleia-azul Silverback Films/BBC

A baleia-azul, o maior animal vertebrado do mundo, que pode atingir mais de 30 metros de comprimento, só começou a crescer num passado recente, entre há dois a três milhões de anos.

Segundo um estudo do Museu Nacional de História Natural Smithsonian na cidade de Washington (nos Estados Unidos), publicado na revista Proceedings of the Royal Society B (a série B é que publica investigações da área da biologia), só muito recentemente as baleias se tornaram animais com a envergadura que têm hoje.

No trabalho, o curador do museu para a área dos fósseis de mamíferos marinhos, Nicholas Pyenson, em conjunto com colaboradores de duas universidades norte-americanas, traça a evolução do tamanho das baleias ao longo de 30 milhões de anos e diz que as baleias muito grandes apareceram há “apenas” dois ou três milhões de anos, refere um comunicado de imprensa do Museu Nacional de História Natural Smithsonian.

O aumento das placas de gelo no hemisfério Norte nesse período deverá ter afectado a forma como o alimento das baleias se distribuía no mar e aumentou os benefícios de possuir um corpo grande, concluíram os investigadores.

O que levou as baleias a crescerem tanto tem sido um mistério até agora, em parte por ser difícil interpretar um registo de fosseis incompleto. Nas palavras de Nicholas Pyenson, não se pode medir o comprimento de uma baleia que está representada por um pedaço de fóssil.

Mas recentemente este investigador estabeleceu que a largura do crânio da baleia era um bom indicador do tamanho total. O museu de história natural tem as maiores e mais ricas colecções de crânios de baleias, de espécies actuais, o que permite obter dados para examinar as relações evolutivas de diferentes baleias.

Os investigadores mediram uma grande variedade de crânios fósseis da colecção do museu e, com dados adicionais, estimaram o comprimento de 63 espécies de baleias extintas. A análise incluiu espécies ancestrais das baleias, com mais de 30 milhões de anos, mas também dados sobre 13 espécies de baleias actuais.  

E os dados, segundo a equipa, mostram claramente que as grandes baleias que existem hoje não estavam presentes na maior parte da história das baleias. “Vivemos num tempo de gigantes”, disse um dos investigadores, Jeremy Goldbogen, da Universidade de Stanford (EUA), acrescentando que as baleias nunca foram tão grandes como hoje.

A mudança evolutiva terá ocorrido no início da Idade do Gelo e, de acordo com a explicação apresentada no estudo publicado esta quarta-feira, deveu-se a alterações climáticas que também mudaram o suprimento alimentar das baleias, que se concentrava nas zonas costeiras e aumentava sazonalmente. As baleias, pela forma como se alimentam, filtrando pequenas presas, estavam bem equipadas para tirar proveito das grandes concentrações de comida.

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