Os portugueses saíram à rua no Luxemburgo para ver Marcelo passar
No primeiro dia da visita oficial, o Presidente apelou aos emigrantes para inscreverem os filhos no ensino do Português e para votarem.
O sol veio com Marcelo Rebelo de Sousa ao Luxemburgo e os portugueses saíram esta terça-feira à rua para ver o seu Presidente passar. No primeiro dia da visita de Estado, marcado por cerimónias oficiais, o chefe de Estado não teve muitas oportunidades para fugir ao protocolo e à segurança, mas aproveitou todas. E quase acabava o dia a festejar os 18 anos de uma jovem luso-descendente. Se a festa fosse mais perto…
A promessa foi feita à saída do Cercle Cité, um palacete municipal recentemente recuperado, numa cerimónia em que foi recebido pela burgomestre Lydie Polfer e as altas individualidades luxemburguesas e portuguesas da cidade. A autarca agradecera a Marcelo ter trazido o sol de Portugal e a resposta foi uma homenagem aos emigrantes da primeira geração: “O sol português chegou ao Luxemburgo com os nossos compatriotas que vieram nos anos 60”.
Os discursos de ambos traçaram paralelismos entre os dois países, de antanho como de hoje. A burgomestre lembrou, por exemplo, a ascendência portuguesa do grão-duque Henrique e o Presidente sublinhou as coincidências de pontos de vista face à Europa.
Mas foi cá fora, na Place d’Armes, que a festa aconteceu. Dezenas de portugueses de todas as idades, mas sobretudo jovens, esperavam para ver o Presidente. Quando Marcelo e Henrique assomaram à porta, ouviram-se os clamores: “Portugal! Portugal!” Os dois chefes de Estado, sorridentes, dirigiram-se às baias atrás das quais estavam os portugueses, rodeados de seguranças e jornalistas.
“Quem é que faz 18 anos?”, perguntou o Presidente, dirigindo-se à jovem luso-descendente e deu-lhe o abraço possível, beijinhos e tirou uma selfie. E ainda perguntou onde era a festa e a que horas, mas seria fora da cidade e a recepção no Palácio, de casaca e traje de gala, dificultava a operação.
Henrique também merecia os cumprimentos calorosos dos presentes. Apertou mãos, distribuiu sorrisos. E até respondeu à TSF sobre a importância da visita do Presidente: “O simbolismo é evidente. Os portugueses adoram-no”. Ao lado, Marcelo, qual maestro, perguntava: “Qual é o melhor país do mundo?” “Portugal!”, respondeu o coro. “E o segundo melhor?” “Luxemburgo”, ouviu-se com igual entusiasmo.
O séquito desceu então rua abaixo, caminhando entre baias até ao Palácio, mas por todo o lado se ouvia chamar por Marcelo em português. “Há um português em todas as esquinas, em cima, em baixo, no telhado”, comentou. Por duas ou três vezes desviava-se para um beijinho ou um aperto de mão. A senhora que levava uma bandeira mereceu uma destas excepções.
Tinha sido assim ao longo do dia. Logo de manhã, nas cerimónias militares, em frente ao palácio e junto ao monumento de solidariedade; depois na Corniche, onde regressou com os grãos-duques; na rua, fosse qual fosse, por onde andaram quase sempre a pé. Havia sempre alguém a chamar por Marcelo e sempre um segurança a torcer o nariz (não os polícias e seguranças lusos, que também os havia).
O chefe de Estado também queria passar mensagens à comunidade a aproveitou as televisões para o fazer. Logo de manhã, depois de se reunir com os graõs-duques, veio às traseiras do palácio falar com os jornalistas.
Depois de lamentar de viva voz o atentado de Manchester, fez dois apelos. Pediu aos portugueses para inscreverem os seus filhos no ensino de Português - que agora deixa o horário normal e passa para o ensino complementar -, e apelou à participação política no Luxemburgo.
“É incompreensível que uma população como a da comunidade portuguesa – um em cada seis residentes no Luxemburgo é de origem prtuguesa - disponha de um instrumento de afirmação política e cívica e não o utilize”, afirmou.
Questionado sobre o que Portugal pode aprender a nível económico com o Luxemburgo a nível da gestão das finanças públicas, Marcelo respondeu com o optimismo dos resultados dos últimos meses: “Portugal também já pode dar um testemunho, pois mostrou ao longo dos últimos anos uma acção persistente, com o mérito e sacrifício dos portugueses”.