Trump pediu ao director do FBI para fechar investigação a ligações russas de conselheiro

James Comey, entretanto demitido do cargo, registou num memorando a conversa com o Presidente americano em que este lhe pediu para que desse por terminada a investigação a Michael Flynn. Casa Branca desmente.

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Reuters/JOSHUA ROBERTS

O Presidente norte-americano, Donald Trump, pediu a James Comey, director do FBI que foi demitido na semana passada, para que este desse por terminada a investigação ao antigo conselheiro para a segurança nacional da Administração, Michael Flynn, noticia o New York Times.

De acordo com o jornal americano, a informação está escrita num memorando que Comey escreveu depois de um encontro entre os dois na Sala Oval da Casa Branca, em Fevereiro. “Espero que possa deixar passar isto”, afirmou o Presidente dos EUA ao então director do FBI, de acordo com duas fontes que leram o documento.

A reunião entre Comey e Trump ocorreu logo no dia seguinte à demissão de Flynn. O conselheiro para a segurança do Presidente demitiu-se do cargo apenas 24 dias depois de ter assumido funções. Em causa estavam contactos estabelecidos com Moscovo, antes da tomada de posse de Trump, e o facto de ter prestado “informações incompletas” ao vice-presidente Mike Pence — tal como o próprio Michael Flynn admitiu — sobre conversas tidas com o embaixador russo em Washington, em Dezembro.

A investigação federal que recaía sobre Flynn tinha como alvo as supostas interferências da Rússia nas eleições presidenciais de Novembro, assim como as alegadas ligações de membros da actual Administração norte-americanas a Moscovo. O memorando de James Comey agora revelado poderá servir como uma prova concreta de que Donald Trump tentou influenciar directamente o Departamento de Justiça no decurso das investigações. O documento faz parte de um dossier escrito por Comey para descrever as acções impróprias do Presidente para influenciar uma investigação em curso. Como diz o New York Times, notas de um agente do FBI são normalmente consideradas pelos tribunais relatos credíveis de conversas.

O diário americano sublinha que não teve acesso ao memorando, apesar de este não ser confidencial, mas que duas pessoas próximas do antigo director do FBI leram várias partes do mesmo. “Ele é um homem bom. Eu espero que deixe passar isto”, terá dito Donald Trump, num dos excertos relatados, acrescentando que o seu ex-conselheiro não tinha feito nada de mal. Além disso, e segundo as mesmas fontes, Trump criticou também as fugas de informação das agências de segurança, sugerindo que Comey deveria começar a pensar em prender os jornalistas que publicam informação confidencial.

Em comunicado, a Casa Branca desmentiu a história: “Apesar de o Presidente ter repetidamente expressado a sua visão de que o general Flynn é um homem decente que serviu e protegeu o nosso país, o Presidente nunca pediu ao senhor Comey ou a mais ninguém para terminar a investigação que envolve o general Flynn”, cita o New York Times. O FBI não quis comentar o caso.

Recorde-se que, na semana passada, Trump demitiu o então director do FBI. O motivo apontado é uma suposta quebra de confiança em Comey pela forma como este geriu a investigação aos e-mails da candidata presidencial democrata Hillary Clinton (primeiro afirmou que a antiga secretária de Estado não deveria ser acusada de crime algum, depois incendiou a campanha eleitoral ao anunciar a reabertura do processo, a 11 dias da votação). No entanto, Trump beneficiou eleitoralmente da polémica gestão desse caso, que lesou a imagem da adversária, tendo até elogiado James Comey, publicamente e por diversas vezes, pela condução do processo.

Em Washington, no Congresso e nos jornais, as atenções viram-se para a investigação do FBI à interferência russa nas eleições de Novembro, onde o cerco a Trump e aos membros do seu gabinete se continua a apertar

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