"A Rússia já não precisa de espiar" os EUA, acusam democratas
Nova polémica em Washington: Trump terá partilhado informações secretas sobre o Daesh com russos.
“A Rússia já não tem de nos espiar para obter informação – basta perguntar ao Presidente Trump e ele revela tudo, mesmo informação classificada que compromete a nossa segurança nacional e prejudica as relações com os nossos aliados”, acusa o comité nacional democrata, num comunicado citado pelo Guardian. Esta reacção surge depois de o Washington Post ter noticiado, na segunda-feira, que Trump terá partilhado informação "altamente secreta" com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, e com o embaixador russo em Washington Sergei Kisliak.
A conversa, alegadamente sobre o Daesh, terá acontecido durante o encontro, na última quarta-feira, com estes altos responsáveis russos. Recorde-se que Sergei Kisliak é uma das figuras centrais na investigação sobre a ingerência de Moscovo nos assuntos norte-americanos. O encontro aconteceu um dia depois de Trump decidir despedir James Comey, director do FBI. Comey havia pedido à Casa Branca mais recursos para investigar as suspeitas de ligações entre o Governo russo e contactos próximos de Donald Trump.
A Casa Branca desmentiu a notícia avançada pelo Washington Post e também a Rússia reagiu nesta terça-feira. O ministro dos Negócios Estrangeiros Lavrov considerou "falsas" estas notícias, diz a agência russa Interfax.
Nos Estados Unidos, no entanto, há reacções fortes, quer do lado democrata quer do republicano. O democrata Mark Warner, da Comissão dos Serviços Secretos do Senado, afirmou que, a ser verdade que Trump partilhou informação com a Rússia, tal constitui um desrespeito pelo trabalho dos serviços secretos. O também democrata Chuck Schumer criticou o Presidente, sublinhando que este deve uma explicação "aos serviços secretos, ao povo norte-americano e ao Congresso", cita o New York Times.
Do lado dos Republicanos, o partido que apoia o Presidente, também se reagiu de maneira crítica. “A Casa Branca tem de fazer alguma coisa urgentemente para retomar o controlo e colocar as coisas em ordem. Obviamente estão numa espiral descendente e têm de entender o que está a acontecer e como controlar a situação”, avaliou o republicano e presidente do Comissão de Relações Internacionais, Bob Corker, escreve o New York Times.
“John McCain provavelmente revelou menos à KGB em cinco anos de tortura”, ironiza David Kochel, responsável pela campanha de vários candidatos republicanos.
Em Fevereiro, o primeiro conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, Michael Flynn, demitiu-se, 24 dias depois depois de ter assumido o cargo. Em causa estavam justamente os contactos que estabeleceu com Moscovo, antes da tomada de posse de Trump e ter mentido ao vice-presidente Mike Pence sobre as conversas que teve com o embaixador russo em Washington sobre as sanções norte-americanas, em Dezembro.