Ainda não é conhecido efeito da greve dos trabalhadores das cantinas nas escolas

A paralisação terá efeitos no serviço de refeições nos hospitais, escolas, centros de formação, fábricas e outras instituições e empresas

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A grande maioria dos mais de 50 mil trabalhadores destas empresas de serviços de refeições recebe o salário mínimo Nelson Garrido

Os trabalhadores das cantinas e refeitórios escolares, de hospitais e outros serviços do Estado concessionados estão esta segunda-feira em greve por melhores salários, uma paralisação que pode levar ao encerramento de algumas escolas em todo o país. "A haver algum efeito, será à hora do almoço", disse ao PÚBLICO fonte do gabinete de imprensa do Ministério da Educação.

O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares (STIHTRS) adianta, em comunicado, que a greve terá efeitos na prestação do serviço de refeições nos hospitais, escolas, centros de formação, fábricas industriais e outras instituições e empresas.

Em declarações à Lusa, António Baião, dirigente sindical da região Centro, disse que a greve se prende "com o boicote que existe neste momento por parte da Eurest", a associação patronal das empresas concessionárias Gertal, Itau, Uniself, Ica, para melhorar as condições de vida destes trabalhadores. Estas empresas, que "estão na mesa de negociações, não querem melhorar as condições de vida dos trabalhadores, com salários" congelados há sete anos, sobretudo nalgumas categorias, como é o caso das cozinheiras, disse o sindicalista.

Para as 10h30, está prevista uma concentração junto às instalações da entidade patronal, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), disse ao PÚBLICO Maria das Dores, dirigente do sindicato na região de Lisboa e Alentejo, que referiu que a greve está com "uma boa adesão" nos hospitais de S. José, Santa Marta e Capuchos, em Lisboa, bem como nos hospitais de Elvas, Portalegre, Setúbal e Barreiro. A dirigente refere ainda o caso do refeitório da TAP, "um dos maiores refeitórios da zona Sul".

A grande maioria dos mais de 50 mil trabalhadores ao serviço destas empresas recebe o salário mínimo nacional, adiantou António Baião, acusando ainda estas empresas de quererem "desregulamentar completamente o contrato colectivo de trabalho".

A acusação prende-se com o facto de estas empresas colocarem os funcionários a trabalhar 12 horas diárias, quererem retirar o subsídio de trabalho nocturno das 20h às 24h e reduzir o pagamento em dia feriado, explicou o dirigente do sindicato afecto à CGTP. "Pese embora as empresas andarem a dizer nos locais de trabalho que vão dar aumentos salariais com efeitos a 1 de Janeiro de 2017, o sindicato decidiu manter" a greve, refere o sindicato em comunicado.

Confrontado com o anúncio da greve, o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, disse à Lusa recear que "muitas escolas" encerrem nesse dia.

"Actualmente nas escolas públicas portuguesas", em todos os ciclos, "grande parte das cantinas são concessionadas a empresas privadas", adiantou Filinto Lima. Assim sendo, se a greve se confirmar, "as escolas ficarão sem o serviço de alimentação das cantinas, que são o local essencial dos alunos, onde almoçam", e muitas terão que fechar.