Sense8 convida-nos a procurar um maior entendimento do outro
A série assinada pelas irmãs Wachowski e por J. Michael Straczynski volta esta sexta-feira ao Netflix para uma segunda temporada que aprofunda a ligação psíquica entre os protagonistas.
Aquando da sua estreia em 2015, Sense8 apresentava-se como a derradeira celebração da experiência humana, tratando temas como a identidade, o género, a sexualidade e a religião sem qualquer filtro ou auto-censura. Na primeira temporada, a misteriosa Angelica (Daryl Hannah) usou os seus poderes para criar uma ligação psíquica entre oito pessoas diferentes – o polícia norte-americano Will (Brian J. Smith), a DJ islandesa Riley (Tuppence Middleton), a blogger transexual de São Francisco, Nomi (Jamie Clayton), o actor mexicano Lito (Miguel Ángel Silvestre), a executiva sul-coreana Sun (Doona Bae), a farmacêutica indiana e devota hindu Kala (Tina Desai), o motorista queniano Capheus (Toby Onwumere) e o criminoso alemão Wolfgang (Max Riemelt).
À medida que os oito sensates vão descobrindo os seus poderes, são perseguidos por Mr. Whispers (Terrence Mann) e pela influente agência governamental que os quer neutralizar. Sense8 regressa esta sexta-feira ao serviço de streaming para a segunda temporada com dez episódios que focam o crescente poder colectivo dos protagonistas e a subsequente ameaça que paira sobre eles. “É inacreditável o quanto mudou desde que começámos [a série]. Tudo o que vemos nesta temporada leva adiante a [habitual] mensagem de inclusividade, compaixão e empatia”, afirmou Daryl Hannah em declarações ao The Hollywood Reporter (THR).
Criada pelas irmãs Wachowski (Matrix, V de Vingança, então creditadas como irmãos Wachowski) e por J. Michael Straczynski (Thor, WWZ: Guerra Mundial), a série que conquistou uma fervorosa legião de seguidores nas redes sociais pela sua liberdade e diversidade cultural, étnica, religiosa e sexual surge agora na América de Trump com um timing mais relevante que nunca. “Isto é algo que vivemos enquanto pessoas e não só enquanto personagens, que é a ideia de que quando te esforças para conhecer alguém, percebes que somos todos iguais”, explicou Tina Desai ao THR.
Toby Onwumere é o novo sensate do grupo e veio substituir Aml Ameen na pele de Capheus depois de uma alegada tensão entre o actor e Lana Wachowski. O novo actor, que defende que “esta série é um reflexo do mundo”, foi apresentado aos espectadores durante o especial de Natal de duas horas disponibilizado em Dezembro e apareceu pela primeira vez no pequeno ecrã quando Jela (Paul Ogola) comentou a sua nova aparência. No mesmo episódio, ficámos a saber que todo o grupo está a par de que Whispers é o inimigo, mas este insiste em usar Will para chegar ao resto dos sensates. Lito ainda enfrenta as consequências da sua recém-revelada homossexualidade e são desenvolvidas as relações entre Kala e Wolfgang e Riley e Will. E se o resto do elenco se manteve, também a produção sofreu alterações, com Lana Wachowski a tomar a dianteira da segunda temporada, já que Lilly Wachowski (anteriormente Andy Wachowski, que se assumiu como transgénero em Março de 2016) se afastou da série por um período de tempo prolongado.
Sense8 convida-nos a mergulhar na realidade do outro e defende que, embora culturalmente diferentes, pensamos, sentimos e agimos da mesma forma – porque somos humanos. Tal como escreve a Entertainment Weekly, esta é uma série que “se guia pela filosofia de que o mundo seria um sítio melhor se todos fizéssemos um maior esforço para nos entendermos uns aos outros” e “se explorássemos questões como a transexualidade e a devoção religiosa com uma mente aberta”.
A série, também conhecida por filmar num vasto leque de localizações em todo o mundo, já havia dado a volta ao globo durante sete meses para filmar a primeira temporada. Desta vez, a produção procurou ser ainda mais ambiciosa e rodou a segunda temporada em 16 cidades de 11 países, entre as quais se contam Chicago, Seoul, Cidade do México, Mumbai e Reiquiavique.