“Novo modelo administrativo” pode ser resposta para o Coliseu do Porto
Edifício com 76 anos precisa de obras profundas que podem chegar quase aos dez milhões de euros, se todas as necessidades fossem contempladas
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, admitiu, na reunião do executivo desta terça-feira, que a solução para os problemas de falta de fundos do Coliseu da cidade pode passar por “um novo modelo administrativo”. O autarca prestava esclarecimentos no seguimento das notícias vindas a público de que o edifício com 76 anos precisa de obras cujo valor pode chegar quase aos dez milhões de euros.
O tema chegou à reunião pela voz do vereador social-democrata Ricardo Almeida, que disse ter “algumas preocupações” com o futuro do Coliseu do Porto. “Pedaços de tecto já caíram na sala principal e fala-se em obras que custarão entre quatro a oito milhões de euros. Como se vai fazer este investimento? É o Ministério da Cultura, a Área Metropolitana do Porto ou a câmara? Qual é a urgência das obras?”, questionou, referindo-se aos três sócios maioritários da Associação dos Amigos do Coliseu, responsável pela estrutura.
Rui Moreira explicou que teve “há dias” uma reunião com o comandante do Batalhão de Sapadores Bombeiros que o informou que “não há, em condições normais, um risco iminente de ruína do edifício, mas há um problema de vetustez”. A forma como o investimento será concretizado é ainda uma incógnita, admitiu o autarca, lembrando que as três entidades citadas por Ricardo Almeida não podem, por lei, financiar o Coliseu. “A solução pode passar pelos sócios repensarem o modelo institucional do Coliseu. Não estou a ver que o Ministério da Cultura queira tomar aquilo sob a sua tutela”, disse o presidente da câmara.
A necessidade de investimento avultado na reabilitação do Coliseu foi transmitida aos membros do Conselho Metropolitano do Porto pelo presidente da direcção da casa de espectáculos, Eduardo Paz Barroso, na passada sexta-feira. Na mesma altura, Paz Barroso, que foi reconduzido no cargo, informou também os autarcas que o Coliseu chegara ao final de 2016 sem dívidas à banca – a estrutura chegou a ter uma dívida de cerca de 200 mil euros – e com um resultado positivo de 47 mil euros.
As más notícias é que o edifício projectado por Cassiano Branco, e classificado como monumento de interesse público, necessita de obras na torre, nas coberturas e nas fachadas, a nível estrutural. O presidente da direcção da Associação dos Amigos do Coliseu disse ainda que há outras obras necessárias e caras, que passam por mudanças no sistema eléctrico ou pela climatização. Na reunião do executivo desta terça-feira, Rui Moreira apontou para a necessidade de contenção. “O presidente do Coliseu está a pensar, e bem, em colocar ar condicionado na sala de espectáculos. Mas, às vezes, nem tudo se consegue”, disse o autarca.
Ricardo Almeida questionou também o executivo sobre uma notícia do Jornal de Notícias indicando que alguns prédios da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) estão a ser utilizados para alojamento turístico. Rui Losa, vereador e representante da câmara na SRU, explicou: “Estamos a falar de habitações recuperadas, que não se vendiam há vários anos, com os custos que isso acarretava. Decidiu-se arrendá-las, sem restrições, e sem as retirar do processo de venda. O arrendamento foi feito por cinco anos e duas das seis ou sete habitações nestas condições foram já vendidas, apesar de ter este ónus”, disse Rui Losa, explicando que “já se esgotou ano e meio” do contrato de arrendamento.
Na reunião do executivo foi aprovado, com a abstenção da CDU, o novo regulamento da Polícia Municipal do Porto. Na ocasião, Rui Moreira afirmou que os 119 elementos actuais desta força passarão a ser “213 em 2018”. A Polícia Municipal tem ainda “142 colaboradores não policiais”, disse o autarca.