Requalificação do Coliseu do Porto pode custar dez milhões de euros
Edifício com 75 anos precisa de obras profundas que, só nas coberturas e fachadas, podem chegar aos cinco milhões
O Coliseu do Porto, que este ano celebra 75 anos, precisa de obras de reabilitação profundas, sob pena de, a breve trecho, deixar de poder receber espectáculos. O problema é que o edifício, que está classificado como monumento de interesse público, tem especificidades que podem atirar as obras para valores próximos dos dez milhões de euros, desconhecendo a actual direcção se há financiamento europeu disponível para uma empreitada desta dimensão que começa a tornar-se urgente, sob pena de a actividade desta sala ficar, em breve, comprometida.
Um dia depois de ter sido reconduzido no cargo pela assembleia geral da Associação dos Amigos do Coliseu, o presidente da direcção, Eduardo Paz Barroso, foi à Área Metropolitana do Porto (um dos três maiores sócios, com o Ministério da Cultura e a Câmara do Porto), prestar contas do actual mandato. Mas nem a notícia de que a sala terminou o ano de 2016 sem dívidas à banca e com um resultado positivo de 47 mil euros minimizou as preocupações em relação ao estado estrutural deste edifício assinado por Cassiano Branco.
“O Estado e o município do Porto têm de desempenhar um papel importante na reabilitação do edifício", afirmou Eduardo Paz Barroso, notando que a Associação dos Amigos do Coliseu não dispõe de meios financeiros para fazer a obra”. Pais Barroso lembrou que, tirando a reabilitação posterior ao incêndio de 1996, o espaço nunca beneficiou de fundos públicos para obras e explicou que já contactou a Comissão de Coordenação da Região Norte que o informou não existir, nesta fase, aberta nenhuma linha de financiamento nos fundos comunitários para apoiar uma intervenção no edifício.
O Coliseu precisa de obras na torre, nas coberturas, no revestimento estrutural das fachadas, para além de intervenções minuciosas e caras de consolidação de estuques e de mexidas no sistema eléctrico e na climatização. Um diagnóstico pedido a uma empresa, com colaboração com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, apontou para uma "pré-estimativa que oscila entre os quatro e os cinco milhões de euros", apenas para as obras nas coberturas e as fachadas, mas Paz Barroso assentiu, respondendo a um comentário do autarca da Póvoa de Varzim, que com os trabalhos restantes, principalmente na climatização, a factura facilmente duplicará.
Sem financiamento estatal para a programação, o Coliseu, que tinha terminado o ano de 2013 com 129 mil euros de prejuízos e uma dívida à banca de 239 mil euros terminou 2016 com um resultado “incomparavelmente melhor” depois de, assinalou Paz Barroso, uma mudança no modelo de gestão. Só no ano passado, a sala acolheu 151 espectáculos, aos quais assistiram 255 mil pessoas, explicou, assumindo que o resultado superou as expectativas. Só nos dois espectáculos de Caetano Veloso, na semana passada, estiveram no Coliseu sete mil pessoas, disse, vincando mão haver, na região, uma sala com as condições acústicas e de acomodação de público desta grandeza.
Na anterior reunião do conselho metropolitano, Aires Pereira tinha colocado em questão que fosse decidida a recondução de Eduardo Paz Barroso sem que este prestasse contas do seu primeiro mandato à frente do Coliseu. O gestor acabou por ser confirmado no cargo na quinta-feira, data para a qual estava marcada a Assembleia-Geral mas, na intervenção que fez perante os autarcas, um dia depois, garantiu que o cargo estava à disposição dos três principais sócios da organização que, desde 1995, gere esta sala.
Um plano de mobilidade que surprendeu o responsável pela mobilidade
O conselho metropolitano do Porto mandatou a comissão executiva deste organismo para preparar um concurso para a contratação de um Plano de Mobilidade Metropolitano, seguindo uma proposta do presidente e autarca da Feira, Emídio Sousa. A decisão foi tomada numa reunião em que participaram apenas nove dos 17 presidentes de câmara da região, e sem que o assunto tivesse sido discutido previamente com responsável político pela área da mobilidade, o socialista Marco Martins, que numa curta declaração disse estranhar este procedimento.
O orçamento da AMP para este ano não prevê uma verba para este trabalho que, segundo o responsável pelos transportes na comissão executiva, Avelino Oliveira, demorará dois a três anos a ser executado. Antes disso, e já com dotação orçamental, a AMP vai, com a sua congénere de Lisboa, contratar com o Instituto Nacional de Estatística a realização, no prazo de um ano, do inquérito à Mobilidade nas duas áreas metropolitanas, instrumento considerado essencial para a negociação das concessões de transporte que terão de ser contratadas no final de 2019.