BPI com prejuízos de 122,3 milhões de euros com venda de 2% no BFA
Sem a venda da posição no Banco de Fomento de Angola, o banco agora dominado pelo Caixabank apresentaria lucros de 90 milhões de euros.
Os resultados do primeiro trimestre do BPI, divulgados esta quarta-feira, têm números bons e números maus. Começando pelos maus, o banco fechou o primeiro trimestre com prejuízos consolidados de 122,3 milhões de euros, explicada pela venda de 2% do Banco de Fomento Angola (BFA), concretizada em Janeiro, e que ditou a perda de controlo da instituição.
Já sem a venda do BFA, o banco agora dominado pelo Caixabank em quase 85% teria apresentado um lucro de 90 milhões de euros. No primeiro trimestre de 2016, o Banco BPI apresentou lucros de 45,8 milhões de euros.
E ainda nos elementos positivos, o até agora anémico mercado interno contribuiu com 43,8 milhões de euros para os resultados consolidados, bem mais que os 7,9 milhões de euros do primeiro trimestre de 2016. O contributo da actividade internacional foi de 46,2 milhões de euros, superior aos 37,9 milhões de euros registados no período homólogo.
O impacto negativo da venda dos 2% no banco angolano,"que se destinou a solucionar a situação de ultrapassagem do limite dos grandes riscos com que o Banco BPI estava confrontado, resultante da exposição do BFA a dívida pública angolana”, como refere a informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, ascendeu a 212,3 milhões de euros. A operação levou à desconsolidação do banco angolano, que passa a ser reconhecida nas contas do Grupo BPI pelo método de equivalência patrimonial.
Após a operação, o banco que a partir desta quarta-feira passará a contar com um novo presidente da comissão executiva, Pablo Forero, na sequência da eleição de novos órgãos social em assembleia geral, passou a deter 48,1% do capital do BFA e a Unitel, do universo da empresária angolana Isabel dos Santos, 51.9%.
O impacto no resultado líquido consolidado de 212,3 milhões de euros negativos inclui a transferência de 182,1 milhões de euros de reservas cambiais negativas para resultados do exercício “que já se encontrava reconhecida e registada nas demonstrações financeiras do BPI e não configura uma perda de valor económico no primeiro trimestre de 2017, o que se reflecte na circunstância de não afectar os capitais próprios do BPI”, explica a instituição em comunicado.
Nos principais indicadores da actividade bancária no mercado português, o banco reporta uma melhoria do rácio de eficiência, que subiu de 71,3% para 77.9%, com o aumento de margem financeira a ser de 7,1% e o do produto bancário a cifrar-se em 9,7%.
Já os custos de estrutura diminuíram 7,7% e o rácio de crédito em risco caiu de 4,6% para 3,8%.O rácio de transformação de depósitos em créditos ascende a 104%.