A última reviravolta na campanha das presidenciais francesas é um pedido de levantamento da imunidade a Marine Le Pen, enquanto eurodeputada, por juízes gauleses que investigam um possível uso ilegal de fundos do Parlamento Europeu da candidata da Frente Nacional.

Provavelmente, não haverá tempo suficiente para que o levantamento aconteça antes da votação, cuja primeira volta se realiza já a 23 de Abril, e a segunda a 7 de Maio.

No início da corrida, alguns analistas diziam que a única certeza era a passagem da candidata da extrema-direita à segunda volta (embora se previsse também então a sua derrota independentemente de quem fosse o adversário). Mas isto parece estar cada vez mais em questão, com as sondagens a mostrarem uma descida de Le Pen (que aparece empatada em primeiro lugar com o centrista independente Emmanuel Macron, e com ambos seguidos de perto pelo candidato de esquerda Jean-Luc Mélenchon e o conservador François Fillon).

Le Pen é suspeita de ter usado fundos do Parlamento Europeu para pagar a funcionários da Frente Nacional que desempenhavam actividade em França – subvertendo as regras de que as verbas dos eurodeputados têm de ser gastas nas acções europeias e não nacionais. Outros membros de partidos populistas eurocépticos, como o UKIP de Nigel Farage, estão também sob investigação pela mesma suspeita.

A imunidade de Le Pen enquanto eurodeputada já tinha sido levantada num outro caso no mês passado, pela partilha de imagens da brutalidade do Daesh em 2015 no Twitter.

Mas este caso, e especialmente a sua recusa em responder à polícia pela suspeita de ter usado os fundos europeus para actividades em França, poderá ter tido alguma influência na sua descida nas sondagens, dizem alguns analistas – a candidata desceu de 27% das intenções de voto para 22%.

Num debate entre os vários candidatos, um outro representante da extrema-esquerda, Philippe Poutou, que surpreendeu todos sendo “coroado” o vencedor, atacou Le Pen pela sua posição. “Quando nós, os trabalhadores, somos intimados pela polícia, vamos lá responder, não temos 'imunidade de trabalhadores'”, disse, deixando a líder da Frente Nacional sem reposta.