"Novas" igrejas atraem jovens que "fogem" das tradicionais

A Aliança Evangélica apresentou um estudo com dados que mostram descida de número de igrejas. "Novas" comunidades como CCLX ou Casa da Cidade atraem os jovens que "fogem" das evangélicas mais tradicionais.

Foto
Miguel Manso

Segundo o Centro de Estudos de Religiões e Culturas (CERC) da Universidade Católica Portuguesa, que comparou a evolução entre 1999 e 2011, os protestantes e evangélicos aumentaram de 0,3% para 2,8% - porém, nestes dados não se distinguem os evangélicos dentro dos protestantes. Dados da Aliança Evangélica Portuguesa (AEP) apontam para os seus fiéis representarem entre 2 e 2,5% da população, diz o seu presidente António Calaim.

Mas recentemente causou polémica um levantamento da AEP que apontava a descida do número de igrejas evangélicas entre 2000 e 2016, passando de 1630 para 964. O presidente da AEP explica os dados com factores como o regresso da imigração brasileira ao seu país, a emigração de portugueses e a própria diminuição da população portuguesa em geral. 

Calaim refere que este tipo de igrejas, como a CCLX ou Casa da Cidade, acabam por atrair os jovens que deixaram de ir às igrejas evangélicas mais tradicionais: “Quando eu era jovem havia mais militantes, agora há cada vez mais pessoas evangélicas que não vão ao culto. Estas igrejas mais jovens fazem com que as nossas comunidades mais novas acabem por se transferir. As igrejas mais velhas ressentem-se porque perdem público. Mas prefiro que vão a uma igreja evangélica”, afirma.

Apesar de não serem propriamente novas, recorda José Brissos-Lino, coordenador do Instituto de Cristianismo Contemporâneo, da Universidade Lusófona, neste tempo “em que há uma certa desfiliação religiosa na Europa” há quem tenha conseguido atrair pessoas com outras técnicas e a música é uma delas. Analisa: o figurino de "uma liturgia virada para o espectáculo", “corta um pouco com a tradição das igrejas evangélicas onde as pessoas normalmente lêem a Bíblia”. Isto é, trata-se de “novas formas de comunicar”. 

Sem uma estrutura piramidal como a Católica, em que existe um Papa, “os evangélicos dão-se a conhecer pouco”, comenta, até porque a sua diversidade faz com que ninguém queira falar por todos. Como em outras minorias, os representantes não são convidados a participar em actos públicos ou em debates nos media, nota. Há também um “complexo de minoria”, que faz com que as igrejas minoritárias se façam ouvir pouco. “A Aliança Evangélica deveria falar mais para as pessoas em nome dos evangélicos. Quem não fala não se dá a conhecer. E, no entanto, os evangélicos fazem um trabalho social fantástico”, diz. 

Sugerir correcção
Comentar