Às 11h desta quarta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, viaja até ao Senegal, para uma visita de Estado de dois dias, a primeira de um chefe de Estado português. Antes, Marcelo esteve em Cabo Verde, onde sublinhou haver "muito boas notícias" sobre o défice das contas públicas portuguesas, mas sem se alongar em comentários sobre o tema.

"No estrangeiro, mesmo quando se trata de boas notícias - muito boas notícias -, tenho por princípio não comentar ", declarou nesta terça-feira aos jornalistas, na cidade do Mindelo, São Vicente. "Não comento nem as más nem as boas notícias. Essa é muito boa notícia, mas não devo comentar", reforçou.

O Presidente tinha sido questionado sobre o relatório do Conselho de Finanças Públicas, especificamente sobre a conclusão de que "o maior contributo" para a redução do défice para 2,1% em 2016 veio da redução da despesa. Segundo a instituição liderada pela economista Teodora Cardoso, 83% da redução do défice das administrações públicas foi conseguida pela queda da despesa, "ao contrário do previsto na generalidade dos documentos de programação orçamental".

Também na terça-feira, num discurso na Câmara de São Vicente, onde recebeu as chaves da cidade, Marcelo disse: "Não há nenhum outro povo do mundo que tenha em comum como nós temos estas duas realidades, morabeza e saudade, que são inseparáveis.” E mesmo em Cabo Verde conseguiu tomar conta das redes sociais, com fotos, vídeos e selfies.

O Presidente terminou a visita de três dias na ilha de São Vicente, depois de ter chegado a Cabo Verde no sábado. Acompanham-no o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e os deputados Marco António Costa, do PSD; Carlos Pereira, do PS; Filipe Anacoreta Correia, do CDS-PP; Isabel Pires, do Bloco de Esquerda; João Ramos, do PCP; e José Luís Ferreira, do Partido Ecologista Os Verdes.

Agora, ruma ao Senegal. Como se lê na página da Presidência, “a visita de Estado a convite do Presidente Macky Sall” é “histórica”, uma vez que "se trata da primeira deslocação de um Presidente da República portuguesa àquele país da costa ocidental africana". Marcelo visitará Dakar e a Ilha de Gorée, onde os portugueses chegaram no século XV, “pretendendo simbolizar a relação histórica entre os dois países, mas também o potencial de crescimento” em vários domínios, começando “pelo ensino da língua e cultura portuguesas. Sublinha-se que no Senegal existem 46 mil alunos de português”, lê-se ainda no site da Presidência. Foi na ilha de Gorée que o Papa João Paulo II pediu perdão pela escravatura, em 1992, num gesto repetido por Lula da Silva em 2005.