Cartas ao director
Viagem de finalistas
“Os jovens não são feitos de partes. Há famílias e escolas negligentes.” As palavras de Jorge Ascensão, presidente da Confap, sobre os “desacatos” na semana de férias de estudantes finalistas entre os 14 e os 17 anos na região de Benalmádena, em Torremolinos, deviam ser o começo de um amplo diálogo. Sendo certo que uma minoria foi protagonista de atitudes indignas, serão estes os futuros “doutores”? A semana de férias da “embaixada” portuguesa de estudantes custou a cada um, em média, 500 euros. Não falta dinheiro.
Ademar Costa, Póvoa de Varzim
Sobre os estudantes expulsos de Espanha
“1000 estudantes portugueses expulsos de hotel no Sul da Espanha.” Com este título noticioso, dimanado por todos os meios da comunicação social, os alegados prevaricadores descrevem a semana passada no Hotel Pueblo Camiño Real como “um inferno”. E nós perguntamos: “um inferno” para quem?
Terá havido algum exagero nas acusações por parte da gerência do referido hotel, mas o que os alunos terão feito é deveras lamentável: paredes riscadas com “imagens rupestres” à boa maneira de vândalos; pontas de cigarros atiradas ao chão; garrafas e copos espalhados por tudo quanto era sítio — menos nos locais para o lixo; um televisor mergulhado numa banheira; sofás arremessados para a piscina; cortinas vandalizadas, bem como outros mimos deixados para memória futura, eis o feito histórico destes jovens hunos, que deixaram uma nódoa negra para manchar o nosso hospitalar comportamento, fazendo o que nunca deveriam ter feito. (…)
José Amaral, Vila Nova de Gaia
Em Abril, alunos mil
Os acontecimentos ocorridos em Torremolinos com alunos portugueses, que culminaram na sua expulsão dos hotéis, apesar de não se saber ainda com rigor o que se passou, constituem, uma vez mais, um cabal testemunho da vida escolar. Os excessos verificados traduzem uma realidade que poucos querem ver, uma vez que os distúrbios inconcebíveis não são residuais, visto que foram provocados por um número significativo de alunos. As causas evocadas, fugindo ao politicamente correcto, que dá sempre tanto jeito nestas ocasiões, centram-se na falta de princípios cívicos dos jovens quer em casa, quer na escola. A indisciplina grassa em contexto educativo, não obstante é atirada para debaixo do tapete, para assim, a um tempo, agradar aos pais e contribuir para os famigerados rankings das escolas, disfarçando qualquer tipo de problemas nos espaços de ensino.
Um elemento da Confap desvalorizou o lamentável incidente e refugiou-se, como é habitual, na gasta retórica da autonomia, responsabilização dos jovens, etc. Porém, não é assim que se resolvem estes graves actos e torna-se elementar que a tutela da educação se pronuncie sobre as ocorrências, tendo em vista incrementar medidas (inclusivamente punitivas, caso seja necessário) para que casos destes não se voltem a repetir. (…)
José Ventura, Entroncamento