O futuro das testemunhas de Jeová na Rússia está nas mãos do Supremo
Ministério da Justiça russo quer que o Supremo ilegalize o movimento cristão e que o considere uma organização extremista e ilegal.
Conhecidos por andar de porta em porta a tentar convencer quem lhes aparece, acreditando, entre outras coisas, na interpretação literal da Bíblia, as testemunhas de Jeová fazem parte de um movimento cristão que, calcula-se, conta com oito milhões de pessoas a nível mundial. Agora, o seu futuro na Rússia está nas mãos do Supremo Tribunal, depois de um pedido por parte do Kremlin para ilegalizar a organização, considerando-a extremista.
Na Rússia, estima-se que haja 175 mil membros do movimento. Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal russo iniciou as audiências para decidir se as testemunhas de Jeová podem continuar a espalhar a palavra ou se passam a ser considerados como parte de uma organização extremista e ilegal. Apesar disso, o Ministério da Justiça já colocou a sede das testemunhas de Jeová, em São Petersburgo, na lista das organizações extremistas, diz a BBC.
Por seu lado, os advogados que representam o movimento deram entrada com um processo paralelo, solicitando à instância judicial mais alta para declarar as testemunhas de Jeová vítimas de repressão política e a acção do Ministério da Justiça ilegal. O Supremo rejeitou este pedido, afirmando que a identificação das vítimas de repressão política cabe a outras instituições, não especificando, no entanto, quais, dá conta a agência de informação russa para as questões legais.
O argumento principal do ministério é que as actividades dos membros deste movimento “violam a lei russa sobre o combate ao extremismo” e que as mensagens que colocam a circular incitam ao ódio contra outros grupos. Um dos representantes das testemunhas de Jeová nega quaisquer acusações de extremismo, garantindo ainda, à BBC, que os tribunais nunca escutam realmente os argumentos apresentados pela defesa.
Banir as testemunhas de Jeová não é uma acção nova na história da Rússia, isto porque, nos tempos da antiga União Soviética, o KGB considerava-os espiões e foram ilegalizados. Em 1991, com o colapso do império comunista, este movimento foi novamente autorizado.