Este cientista publicou 62 artigos em 2016
Bruno Sarmento coordena um grupo de nanomedicina com 20 cientistas no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto.
Muitos dos 62 artigos publicados em 2015 com o nome de Bruno Sarmento como autor ou co-autor não são o que se pode chamar descobertas científicas mas revisões de análise a artigos publicados. Apesar de considerar que a quantidade na produção científica portuguesa está associada à qualidade dos artigos, o cientista do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto, não parece dar grande importância ao seu caso. Na verdade, se perguntassem a Bruno Sarmento se ele trocaria os 62 artigos por apenas um publicado na revista científica da Nature ele não hesitaria na resposta: sim.
“Não podemos olhar para o número de publicações e tirar conclusões rápidas e, por exemplo, discriminar quem publica muito, concluindo que são artigos de menor qualidade. Isso não é verdade. Nós publicamos muito e publicamos cada vez mais em jornais com um bom índice de impacto (que tem a ver com o artigo e o número de citações que esse artigo tem)”, refere Bruno Sarmento, um dos cientistas do i3S que mais artigos publicou no ano passado. O investigador, que coordena um grupo de nanomedicina com 20 cientistas, é por isso um exemplo pelo elevado número de publicações mas também pelo facto de o crescimento da sua carreira ter acompanhado o da produção científica portuguesa. Terminou o doutoramento na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto em 2007 e há dez anos que é um “investigador com autonomia”. “Estou no pico das publicações da minha carreira”, reconhece.
As estatísticas divulgadas pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência mostram que a produção de ciência cresceu entre 2005 e 2015 a uma taxa média anual de 10%, o que coloca Portugal entre os quatro países que mais progrediram neste indicador. Na “tabela geral” com 27 países europeus que avalia o número de artigos publicados por milhão de habitantes, a produção científica portuguesa passou do 16.º lugar em 2005 para o 11.º em 2015.
Recusando tirar conclusões precipitadas, Bruno Sarmento sublinha que “é importante saber se os nossos artigos estão a ser citados em todo o mundo e, felizmente, o número de citações também têm vindo a subir”. O investigador notou que a produção cientifica aumentou em quantidade durante a última década, mas também tem “a percepção clara de que aumentou em qualidade”. “Estamos sistematicamente sob pressão de avaliação de pares e temos acesso a relatórios periódicos de comparação. E um dos indicadores de que a produção é cada vez melhor é o facto de estarmos a ter mais financiamento. E isso só acontece porque somos cada vez mais criativos e também porque conseguimos convencer quem nos avalia que os nossos resultados são cada vez melhores”, argumenta, concluindo que “a comunidade científica nacional está a melhorar qualitativa e quantitativamente”.
Agora é mais fácil publicar do que quando começou? “Sim. Porque estamos cada vez mais sensibilizados para a publicação. Quando me doutorei, valorizava-se mais a originalidade da tese de doutoramento. Depois, temos também uma maior pressão da comunidade científica em publicar e há mais revistas para onde podemos enviar os nossos artigos.” Ainda sobre o crescimento da produção científica portuguesa, Bruno Sarmento junta ao facto de existiram mais revistas onde publicar e mais pressão um maior número de investigadores. E não são só os alunos de doutoramento que contribuem para isso mas também, sublinha, cada vez mais os alunos de mestrado também.
“Este aumento de qualidade é real, é muito positivo e acompanha o aumento da qualidade. O reflexo disso é o maior número de spin-offs que são criadas e que vão absorver o conhecimento nesses artigos e transformá-lo em produtos. Isso é a prova que a quantidade e qualidade andam de mãos dada”, conclui o investigador. Bruno Sarmento é um exemplo.