Descansado quanto ao Montepio? "Eu estou descansado em relação ao meu trabalho"

Ministro das Finanças não emite opinião sobre Tomás Correia, nem sobre a situação do Montepio.

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Nuno Ferreira Santos

"Não quero que esta minha resposta seja lida de outra maneira que não seja esta que acabei de lhe dar", acrescenta Mário Centeno, com prudência máxima quando as perguntas são sobre a Associação Mutualista. 

A confiança no sistema financeiro é assim tão grande, sobretudo quando pensamos nos 630 mil sócios da entidade mutualista [Montepio]?
Era o que faltava que agora tivéssemos dúvidas sobre essa dimensão. Mas digo-lhe porque é que a confiança é grande: porque em Fevereiro houve a maior redução do desemprego em 28 anos...

Estávamos a falar do sistema financeiro. No caso do Montepio, o Banco de Portugal está a exigir a separação do banco e até a mudança de nome...
... Não vou fazer comentários sobre o Montepio para além dos que já fiz...

Os mutualistas terão, ou não, um equivalente a um seguro dos depósitos, como os que têm um depósito no banco? Isto é importante para as pessoas que neste momento não têm aplicações no banco, mas têm na Associação Mutualista — que depende do Governo.
A consistência do sistema financeiro depende da consistência da economia, e o inverso também é verdade. Nos últimos anos esquecemo-nos desta ligação. Foi por isso que, quando falou de confiança no sistema bancário, comecei por recordar os indicadores económicos que podem dar consistência a tudo o que seja garantias ou seguros que existam na área financeira. Precisamos de ter um conjunto económico e financeiro que seja coerente. Aquilo que aconteceu em Portugal, a que me referi como uma saída limpa pequena [do programa da troika], foi que o sistema financeiro não estava preparado para acompanhar o crescimento económico. Foi por isso que na segunda metade de 2015 a economia portuguesa, que tinha vindo a apresentar números positivos, desacelerou ao ponto de praticamente não crescer. Era necessário, para ganhar um ritmo de crescimento forte, que o sistema financeiro fosse estabilizado. 

Desculpe, mas tenho de insistir: o sr. ministro está descansado quanto ao futuro do Montepio, ou não? 
Eu estou descansado em relação ao meu trabalho em relação a essas situações. Não quero que esta minha resposta seja lida de outra maneira que não seja esta que acabei de lhe dar. Todas as instituições financeiras portuguesas, para terem uma situação estável, quando projectada no futuro, precisam de uma economia que as sustente, e o inverso também é necessário. O que temos estado a fazer reforça o sistema financeiro. A capacidade da Caixa de emitir obrigações como as da semana passada é uma excelente notícia para o sistema financeiro português, porque era um instrumento de dívida que não estava disponível no sistema financeiro.

Para o Governo, Tomás Correia tem toda a idoneidade para estar à frente do Montepio Geral?
Não estou a emitir nenhuma opinião sobre Tomás Correia, nem sobre o Montepio, estou a falar do conjunto do sistema.

O problema é que o Montepio também é supervisionado pelo Governo.
Não tenho mais nada a dizer para além do que disse na semana passada nessa matéria.

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