"Não faltei, fiz-me substituir"
Sem qualquer visibilidade autárquica e longe de ser consensual no partido, Leal Coelho vai passar pela maior provação da sua ainda curta vida política.
Depois de tantas recusas, Passos Coelho acabou por se remediar com a candidata para quem Lisboa foi sempre a última das prioridades. Embora Teresa Leal Coelho esteja há pouco tempo na política, tem acumulado as funções de vereadora, vice-presidente do PSD e deputada. Como vereadora, desde o início do mandato, a cada três reuniões do executivo camarário falta, geralmente, a duas.
Mas a candidata a Lisboa encara com normalidade ser substituída sempre que na sua vida partidária maiores valores se levantem e levantam-se quase sempre. Até o próprio Medina, cinicamente solidário, lhe alterou a data das reuniões, acto registado por ela como “muito democrático”, mas sem que viesse a resultar em maior assiduidade.
Leal Coelho não aceita, todavia, que vejam estas faltas como desinteresse da sua parte até porque entre a vice-presidência do partido, o Parlamento e a CML, têm que se estabelecer precedências e alguma há de ficar para trás. Neste caso, é invariavelmente sempre a mesma, pese embora desde Novembro de 2016 ser a primeira vereadora do PSD e líder da oposição camarária.
Mas para além de ausente, a candidata conhece os problemas da cidade e tem um projecto para ela? Deste insondável mistério só Passos parece saber.
O partido está agora à beira de um ataque de nervos e Mauro Xavier, que não esconde a sua ginofobia em relação a todas e quaisquer candidaturas femininas, depois de ignorado por Passos na sua decisão, jura-lhe desforço. As trapalhadas em que o PSD anda envolvido não acabam por aqui e uma nova novela abre seriado – Leal Coelho ofendida não quer reunir-se agora com Mauro. Sem qualquer visibilidade autárquica e longe de ser consensual no partido, Leal Coelho vai passar pela maior provação da sua ainda curta vida política, mas não será a primeira que, por troca de favores, se sujeita a isso.
No Governo de Balsemão, o ministro André Gonçalves Pereira acabou por desabafar que o ordenado que ganhava nessa qualidade “não lhe dava para os charutos”. Quanto a Leal Coelho não irá vencer e manter-se-á depois das eleições como vereadora ausente porque a amizade por Passos não paga despesas e, entretanto, o frete já foi cumprido.