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Inspecções a viadutos, pontes e túneis de Lisboa vão ser divulgadas

Por proposta do PSD, a câmara vai fazer o levantamento de todas as inspecções a várias infra-estruturas de Lisboa. A autarquia aguarda ainda um relatório sobre o que se passou no viaduto de Alcântara, que ainda não tem data de reabertura, mas o CDS fala em "branqueamento da verdade"

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Daniel Rocha

Primeiro foi o deslizamento de terras que levou à queda de um muro na Graça. Depois o aparecimento de um buraco profundo na Avenida de Ceuta. Por fim, a separação de duas partes do tabuleiro do viaduto de Alcântara -- que ainda não tem data de reabertura porque vai ser feita uma "vistoria por fases" à estrutura, informou a autarquia. A Câmara Municipal de Lisboa quer garantir que a cidade não se está a desfazer aos bocados e, por isso, comprometeu-se esta quinta-feira a divulgar publicamente o resultado das inspecções feitas nos últimos quatro anos a dezenas de infra-estruturas da capital.

A ideia partiu de António Prôa, vereador do PSD, cuja moção foi aprovada por unanimidade numa reunião privada da autarquia. O documento prevê que, no prazo de dois meses, a câmara faça o “levantamento e listagem” de todas as inspecções a “pontes, viadutos rodoviários e pedonais, túneis, muros de suporte e infra-estruturas de saneamento”, quer sejam responsabilidade municipal ou de outras entidades.

O social-democrata explica que esta iniciativa visa “repor alguma confiança dos cidadãos na utilização que se faz das infra-estruturas da cidade” e elogia os vereadores da maioria socialista por terem acompanhado a moção. No entanto, a autarquia não fica isenta de reparos. “Eu não aceito que a câmara aparentemente desvalorize esta sucessão de episódios”, afirma António Prôa, que acredita que esta diligência “incentiva a câmara a ter uma maior atenção no acompanhamento das infra-estruturas” da capital.

Para o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, “a câmara deve fazer um trabalho de fundo, que aliás tem vindo a ser feito” de “monitorização de todas as infra-estruturas”. Foi por isso, explica, que votou favoravelmente a moção do PSD, que considera “uma posição correcta e construtiva”.

O autarca também acolheu as sugestões dos vereadores comunistas. “Uma obra que foi feita como provisória nos anos 70 e que até já ultrapassou o seu tempo de vida útil”, como é o caso do viaduto de Alcântara, “necessitaria de ter uma monitorização, se não em tempo real, que fosse pelo menos próxima disso”, considera Carlos Moura, do PCP.

O partido instou a câmara a “defender a urgência” de um novo viaduto junto das várias entidades que têm de ser ouvidas neste processo. Como o PÚBLICO noticiou, a construção de uma estrutura definitiva entre Alcântara-Terra e a zona portuária está prevista há anos, mas não tem data para sair do papel.

Para João Gonçalves Pereira, vereador do CDS, o incidente de quarta-feira em Alcântara ainda tem de ser mais bem explicado. “Esperava hoje ter esclarecimentos”, diz o eleito centrista, mas “a câmara não prestou informações”. Gonçalves Pereira acusa o executivo de querer “branquear a verdade”. Na quarta-feira, Manuel Salgado disse que “todos os indícios apontam que houve um embate de um veículo pesado no viaduto, o que levou à deslocação da estrutura e do pilar”.

O vereador do CDS afirma que a autarquia se recusa a mostrar esses indícios e que “é muito grave que não se abra um inquérito”. Manuel Salgado rebate as críticas. “Aguardamos que nos seja entregue um relatório o mais circunstanciado possível sobre os motivos desta situação, que depois será distribuído a todos os vereadores”, assegura o responsável pelo Urbanismo. E acrescenta: “Ainda que seja proibido, à noite ainda passam camiões TIR carregados sobre o viaduto”.

Na moção aprovada esta quinta, António Prôa destaca a definição de “um mapa cronológico” das inspecções a realizar no futuro e dos trabalhos que se considerem necessários nas estruturas “referenciadas como carecendo de intervenção”.

O vereador do PSD defende igualmente “que o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) venha a ter uma colaboração mais frequente com a câmara”, porque é “uma entidade digna da maior das confianças”. Prôa lembra que foi um relatório do LNEC que alertava para os riscos do viaduto de Alcântara que levou à realização das últimas obras de fundo naquela estrutura, em 2005.

Manuel Salgado explica que as vistorias técnicas a um conjunto de obras foram concessionadas por concurso a empresas privadas há uns anos, mas garante que a autarquia continua a “trabalhar estreitamente com o LNEC” e que até já falou com o presidente da instituição “para os envolver mais nestes trabalhos”.

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