Níveis de fósforo no Tejo chegam a ser três vezes superiores ao limite
Cádmio e chumbo também têm concentrações preocupantes, sobretudo nas albufeiras junto à fronteira com Espanha
A presença de fósforo nas águas do Tejo apresentou com frequência, ao longo do último ano, valores duas a três vezes acima do limite legalmente previsto. Metais pesados como o cádimo e o chumbo, que são nocivos para a saúde pública, apresentam também concentrações preocupantes, revela a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) à TSF. Os problemas detectados no maior rio nacional concentram-se entre a sua entrada em Portugal e a barragem de Valada, no distrito de Santarém.
Os níveis de fósforo detectados pela APA são elevados em todas as estações de monitorização e em todas as épocas do ano. Nas albufeiras de Fratel e Belver, mais próximas da fronteira com Espanha, mas também em Valada, no distrito de Santarém, os valores verificados nas análises feitas em 2016 são o dobro ou o triplo das normas de qualidade.
A agricultura e as águas residuais urbanas ou industriais são a principal origem do fósforo. A excessiva presença deste elemento químico provoca uma concentração superior ao normal de nutrientes no rio, permitindo o desenvolvimento de microorganismos que desequilibram a biodiversidade no rio.
Além do fósforo, há dois metais pesados, que têm implicações negativas para a saúde humana, encontrados com frequência superior ao normal nas águas do Tejo: o cádimo e o chumbo. A APA não revela os valores concretos das medições, mas infirma que o cádmio ultrapassou a norma de qualidade em quatro das dez análises (Julho, Outubro, Novembro e Dezembro) feitas no último ano no Fratel, a primeira barragem portuguesa.
Os níveis máximos aceitáveis de chumbo também foram ultrapassados uma vez na albufeira do Fratel na análise de Dezembro e outra na barragem de Belver, também próxima de Espanha, em Abril.
Há ainda dois hidrocarbonetos [fluoranteno e benzo(a)pireno], também perniciosos para a saúde pública, com valores acima dos limites legais em Janeiro de 2017.
Os dados da qualidade da água dos rios deviam ser públicos no site do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, mas a base de dados está há anos sem actualização.