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BES: Carlos Costa vai ao Parlamento na próxima quinta-feira

Das duas audições agendadas, uma foi solicitada por Carlos Costa para “prestar contas sobre a actuação do banco central” e defender a sua reputação.

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O governador do Banco de Portugal vai ser ouvido por duas vezes na comissão parlamentar Miguel Manso

O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, vai ser ouvido na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças na próxima quinta-feira, dia 23, em duas audições distintas mas consecutivas, ambas relacionadas com o caso BES.

Tem início às 17h00 a audição do responsável sobre a definição de perímetros e medidas tomadas no âmbito do processo de resolução do Banco Espírito Santo (BES), bem como sobre a situação actual do Novo Banco. Depois, pelas 19h00, é a vez de Carlos Costa ser ouvido no âmbito do pedido que dirigiu à Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) para "prestar contas sobre a actuação do banco central, defender a sua reputação e proteger a confiança do público na eficácia e na diligência da supervisão bancária acerca da resolução do Banco Espírito Santo".

A 8 de Março ficou decidido que o governador do BdP vai ser ouvido nesta comissão duas vezes, ao contrário do que pretendiam os partidos, sabendo-se que Carlos Costa só estava disponível a partir do próximo dia 23, uma vez que tinha compromissos profissionais fora de Portugal.

"No meu entendimento, numa perspectiva institucional, se o governador pede à COFMA [Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa] para ser ouvido, é ouvido. No dia em que as boas relações de colaboração institucional começarem a ser postas à prova entramos numa rotina disruptiva do regime democrático", lançou Teresa Leal Coelho, a deputada do PSD que preside os trabalhos desta comissão.

"Não aceito a fusão das duas audições", sublinhou a responsável, referindo-se à proposta que foi acolhida por todos os grupos parlamentares representados na COFMA e que visava agregar a audição pedida pelo próprio Carlos Costa e o requerimento que o PCP tinha apresentado anteriormente para ouvir o governador.

Carlos Costa pediu para ser ouvido na COFMA para "repor a verdade", numa reacção às recentes reportagens da SIC sobre o caso BES, com incidência na actuação da instituição liderada por Carlos Costa no segundo semestre de 2013.

Apesar de, na terça-feira, ter ficado acordado entre os deputados a realização de uma única audição ao líder do banco central, com Carlos Costa a poder proferir uma intervenção inicial, mas com o PCP a ser o primeiro partido a fazer perguntas, Teresa Leal Coelho “trocou as voltas” aos deputados e usou os seus poderes de presidente para impor a realização de duas audições separadas.

Segundo a reportagem da SIC intitulada “Assalto ao Castelo”, técnicos do BdP assinaram uma nota informativa interna, logo em Novembro de 2013, na qual punham em causa a continuidade de quatro administradores do BES e sugeriam mesmo o afastamento imediato do presidente, Ricardo Salgado.

O PCP e o Bloco de Esquerda defendem a demissão de Carlos Costa, mas o primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, recusaram essa hipótese. O líder parlamentar socialista, Carlos César, admitiu na última quinta-feira que os novos dados que indiciam uma acção tardia do governador no caso BES constituem "objecto de reflexão", confirmando "falhas significativas" da supervisão.