Eleições na Holanda: O que se diz pelo mundo e que vale a pena ler

A eleições holandeses foram um teste ao populismo? E os resultados desse teste, o que mostram? A imprensa internacional está de olhos postos no centro da Europa e no que significa na política mundial.

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Mark Rutte ganhou as eleições LUSA/REMKO DE WAAL

As eleições holandesas deram a vitória ao primeiro-ministro Mark Rutte, mas o caminho para a formação do Governo ainda é longo. Mas não é só o futuro prático do que será o Governo holandês que está no centro das análises, mas o facto de os movimentos populistas de extrema-direita, apesar do crescimento, terem ficado de algum modo controlados (ou bloqueados) por aquilo que foram os resultados finais na Holanda. O PÚBLICO escolheu alguns dos textos que analisam o que pode acontecer com estas eleições holandesas.

Os holandeses votaram – e agora como formam Governo? Fixe este número 76

Esta é a maior incógnita: como vai Mark Rutte liderar o país? O número mágico nestas eleições é 76 deputados e Mark Rutte só conseguiu 33, nem metade do que precisa para ter a maioria do Parlamento. Mas isso é o normal naquele país habituado a longas negociações para formação de Governo. Este artigo da Bloomberg dá-lhe uma perspectiva de como tem sido e de como será o processo de conversações: as negociações mais longas demoraram 208 dias. E esta não será fácil. No seu primeiro mandato, Rutte coligou-se a Geert Wilders que acabou por abandonar o executivo. Depois, coligou-se com o PvdA de Jeroen Dijsselbloem, o presidente do Eurogrupo e actual ministro das Finanças. Agora não deverá coligar-se com nenhum dos dois, mas precisa de pelo menos mais três aliados para fechar Governo. 

O outro partido vencedor - os Verdes 

Foi a maior subida entre os 28 partidos que concorreram às eleições. Os Verdes, do jovem Jesse Klaver, apelidado na Holanda como o "Jessiah", ganhou mais dez deputados e tem agora 14. É, nas palavras do Guardian "o grande vencedor". Foi a subida mais impressionante entre os partidos arrastando com os bons números uma subida também dos partidos de esquerda, ao mesmo tempo que há uma queda dos partidos do centro, sobretudo do PvdA, os trabalhistas que estavam no Governo em coligação com Mark Rutte e que agora estão reduzidos a apenas nove deputados no Parlamento. Jesse, filho de pai marroquino e de mãe com ascendência indonésia, defendeu que a resposta da esquerda ao crescimento da extrema-direita tinha de ser uma defesa forte dos seus ideais pró-Europa e dos refugiados e imigrantes. Para perceber melhor o que defende, sugerimos estes perfil do Guardian e este que fizemos aqui no PÚBLICO. Já o Politico compara a estratégia de Jesse à campanha de Barack Obama.

A não vitória do populismo

Do outro lado do Atlântico, mais do que a vitória de Rutte é salientada a não vitória de Geert Wilders. Depois das eleições nos Estados Unidos e do Brexit, os holofotes estavam na Holanda. E do lado de lá, o New York Times salienta esse alívio  por Geert Wilders ter ficado aquém do que previa. O mesmo ângulo foi escolhido pelo Washington Post

Como ganhar umas eleições sem crescer eleitoralmente? Ou como perder, mas ganhar

O Politico, versão europeia, faz uma análise à vitória-derrota ou à derrota-vitória de Mark Rutte. São cinco os argumentos para que os resultados tenham ditado uma vitória do partido de centro-direita, num crescimento acentuado na última semana. O primeiro factor a contar, para o Politico, pode ter sido o conflito diplomático com Recep Erdogan, Presidente da Turquia.

As eleições como um dedo no ar e não como um teste ao populismo - The Guardian

Antes mesmo das eleições, o Guardian fazia uma análise em como os resultados eleitorais eram mais resultado do imprevisto do que um verdadeiro teste à força do populismo na Europa. O primeiro-ministro Mark Rutte dizia que se tratava dos quartos-de-final decisivos para a Europa, sendo as meias-finais as eleições presidenciais francesas e a final as eleições legislativas na Alemanha. Mas o jornal dá vários argumentos para rebater a ideia de que este fosse um verdadeiro teste ao populismo da extrema-direita anti-sistema. Uma análise para ler aqui.

O que dizem os eleitores?

O texto tem alguns dias, mas permite uma leitura do que pensam os holandeses. Uma parceria entre o Financial Times e Algemeen Dagblad, o diário holandês de maior tiragem, mostra que para os holandeses há um crescente sentimento populista.

O que acontece a Jeroen Djisselbloem?

Esta é uma pergunta não apenas para a Holanda como para a Europa. O que vai acontecer ao ministro das Finanças é uma dsa incógnitas destas eleições. O partido de Jeron Djisselbloem foi penalizado nas urnas depois de estar em coligação de bloco central com o VVD de Mark Rutte e ficou apenas com nove representantes no Parlamento, ficando como a sétima força política do país. Mantém Rutte o seu ministro das Finanças? E se não mantiver, como pode Djisselbloem continuar a ser o líder do Eurogrupo (grupo dos ministros das Finanças da zona euro)? Para já, o tempo corre a favor do ainda responsável da pasta das Finanças, uma vez que este terceiro governo de coligação demorará a formar. Djisselbloem já disse que quer acabar o mandato à frente do Eurogrupo e há várias movimentações para que isso possa acontecer mesmo que o holandês não faça parte do Governo

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