PS desvaloriza prejuízos da Caixa: “Elevados mas abaixo do previsto”

Socialistas lembram que se previam prejuízos de 3000 milhões e deitam culpas à fraca capitalização de 2012 decidida pelo Governo de Passos Coelho. Actual processo de recapitalização não está em causa, garante PS.

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João Paulo Correia, do PS Enric Vives-Rubio

O PS desvalorizou esta sexta-feira de manhã o facto de a Caixa Geral de Depósitos ter registado em 2016 prejuízos de 1,9 mil milhões de euros, argumentando que é um valor “que está bastante abaixo daquilo que era previsto de prejuízo, que era de 3 mil milhões de euros”.

Falando no Parlamento aos jornalistas, o deputado socialista João Paulo Correia vincou que o plano de recapitalização desenhado pelo Governo de António Costa, e que pressupõe a injecção de 2,7 mil milhões de euros na Caixa Geral de Depósitos este ano, se irá manter sem alteração do valor, tal como foi aprovado por Bruxelas.

João Paulo Correia responsabilizou o Executivo liderado por Pedro Passos Coelho ao falar das “duas razões que contribuem para este prejuízo”: “O aumento de capital feito em 2012 pelo anterior Governo não só não respondeu ao impacto da crise financeira internacional nem da crise da dívida soberana ou da recessão prolongada que se aprofundou até 2015, como também não preparou a Caixa para apoiar a economia nos anos seguintes, levando o banco público a registar prejuízos acumulados entre 2012 e 2016”, apontou o deputado.

O deputado citou o antigo administrador da Caixa António Nogueira Leite, que esta semana contou no Parlamento que se demitiu da gestão do banco no final de 2012 “por discordar do aumento de capital por níveis mínimos, que não respondia às necessidades da CGD nem à missão que lhe estava atribuída de apoiar a economia e enfrentar a recessão prolongada dos anos seguintes”.

O deputado socialista defendeu ainda que o aumento de capital que está em curso “é absolutamente necessário para que a Caixa regresse aos lucros” e lembrou que “durante longos anos” o banco público “gerou lucros e contribuiu para os orçamentos do Estado através da distribuição de dividendos ao Estado, assim como dos impostos que foi gerando”. “É vital que a Caixa dê o seu contributo para o sistema financeiro e para a economia”, acrescentou.

Questionado pelo PÚBLICO sobre se as polémicas que têm envolvido a Caixa há quase um ano podem ter prejudicado a confiança dos clientes e contribuído para os prejuízos, João Paulo Correia disse que é entendimento do PS e do Governo que não há relação entre as suas questões. Voltou a aproveitar para apontar a tentativa de PSD e CDS “criarem momentos que fragilizem e descredibilizem a CGD”, e para elogiar a acção do Governo e do conselho de administração do banco público - a actual é a terceira no espaço de nove meses – para o tornar “altamente credível” aos olhos das entidades internacionais e dos clientes.

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