Problemas ambientais na base de 20% das mortes de crianças
Poluição e insalubridade da água entre os factores mais mortais, denuncia Organização Mundial de Saúde.
Mais de 1,7 milhões de crianças com menos de cinco anos morrem, por ano, devido a doenças relacionadas com problemas ambientais, como poluição do ar ou exposição a produtos químicos, denunciou a Organização Mundial de Saúde (OMS). Aquele número representa cerca de um quarto do total de mortes de crianças até aos cinco anos em todo o mundo, segundo informação da OMS divulgada nesta segunda-feira.
A agência da ONU publicou os estudos Herdando um Mundo Sustentável: Atlas sobre a saúde das crianças e o ambiente e Não Contamines o Meu Futuro, que analisam a relação entre a saúde dos mais novos e o que os rodeia. Entre os riscos ambientais listados está a poluição do ar interior e exterior, exposição a fumo de tabaco, insalubridade da água ou a falta de saneamento e de higiene.
Do total das 1,7 milhões de mortes, cerca de 570 mil devem-se a infecções respiratórias, como pneumonia, que podem atribuir-se à poluição do ar interior e exterior, assim como à exposição ao fumo de tabaco, enquanto 361 mil crianças são vítimas de diarreias devido à falta de acesso a água potável e ao insuficiente saneamento e falta de condições de higiene.
Mortes evitáveis
"Um ambiente poluído é mortal, particularmente para as crianças mais novas", frisou a directora-geral da OMS, Margaret Chan, citada num comunicado da organização. As crianças são mais vulneráveis à poluição do ar e da água, já que "os seus organismos e sistemas imunitários estão ainda a desenvolver-se" e, por exemplo, o seu aparelho respiratório é frágil, explicou.
Segundo a OMS, grande parte das doenças que são as principais causas de morte de crianças entre um mês e cinco anos poderiam ser evitadas com intervenções que se sabe reduzem os riscos ambientais, como o acesso a água potável e a utilização de combustíveis adequados à preparação das refeições.
A maior parte das mortes relacionadas com factores ambientais registam-se nos países em vias de desenvolvimento, onde, por exemplo, a poluição causa mais de metade das infecções respiratórias nos mais novos.
Os especialistas apontam novos perigos ambientais que ameaçam a saúde das crianças, como os resíduos eléctricos e electrónicos, como os telemóveis em final de vida, que não são correctamente reciclados, expondo os mais novos a toxinas que podem levar à redução das aptidões cognitivas, ao défice de atenção, a lesões pulmonares ou mesmo a cancro.
As alterações climáticas fazem aumentar as temperaturas e os níveis de dióxido de carbono, o que favorece a produção de pólen, associada ao aumento dos casos de asma entre as crianças. Actualmente, segundo o estudo da OMS, 44% dos casos de asma entre crianças com mais de cinco anos é uma consequência directa da poluição atmosférica.
A OMS referiu ainda que, em cada ano, cerca de 200 mil crianças até aos cinco anos morrem devido a quedas, acidentes rodoviários, envenenamentos, incêndios ou afogamento.