China baixa as estimativas de crescimento para 6,5% e quer o céu azul outra vez
Primeiro-ministro de Pequim explicou no Congresso Nacional do Povo o que precisa a China de fazer para assegurar a estabilidade económica. O combate à sobreprodução industrial e à poluição são duas das prioridades.
O objectivo de crescimento da economia chinesa para 2017 sofre uma baixa ligeira para os 6,5% (em 2016 terá ficado entre os 6,5 e os 7%). O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Li Keqiang, no seu discurso no Congresso Nacional do Povo, cuja reunião anual decorreu este domingo em Pequim, juntando mais de três mil legisladores.
Segundo a Reuters, os líderes chineses estão dispostos a tolerar uma ligeira desaceleração na economia desde que esta lhes dê margem de manobra para implementarem uma série de dolorosas reformas internas capazes de fazer com que o país lide melhor com o rápido crescimento da sua dívida, intimamente ligado a um aumento da despesa governamental.
O decréscimo no crescimento, precisa a agência de notícias, deverá vir acompanhado de uma estratégia fiscal “proactiva” e de uma política monetária “prudente”.
Segundo a britânica BBC, o discurso do primeiro-ministro chinês não foi recebido com o entusiasmo arrebatador que seria de esperar de uma audiência que está habituada a estes grandes momentos de encenação do regime, mas foi bastante aplaudido quando fez referência à forte oposição à independência de Taiwan e ao combate à sobreprodução fabril e ao flagelo da poluição.
“Vamos tornar os nossos céus azuis outra vez”, disse o "número dois" da hierarquia governamental chinesa, garantindo em seguida que “todas as fontes de poluição industrial serão monitorizadas online 24 horas por dia”.
Ao discurso de Li Keqiang não faltou sequer uma metáfora (o que lhe faltou foi originalidade na hora de aplicar a figura de estilo) ao comparar a economia chinesa a uma borboleta que luta para se libertar da sua crisálida, uma transformação carregada de promessas de futuro mas também de sofrimento, acrescentou, identificando como um dos principais obstáculos a ultrapassar a “preguiça” de muitos funcionários públicos.
Em 2016, o Produto Interno Bruto da China cresceu 6.7%, uma progressão que foi a mais baixa dos últimos 26 anos, ainda que tenha ficado dentro das estimativas do executivo.
Em 2017, sublinhou o primeiro-ministro, cumprir a meta dos 6.5% é essencial para garantir que se atingem os objectivos na área do emprego.
Os desafios nestes campo são imensos, uma vez que a China tem vindo a distanciar-se de um crescimento baseado na indústria e precisa desesperadamente de encontrar postos de trabalho alternativos aos das fábricas. Só em 2017, o Governo espera criar 11 milhões de empregos nas cidades, um número que fica bastante aquém dos necessários, já que se estima que 15 milhões de novos trabalhadores entrem no mercado. Se juntarmos aos estreantes os que perderão os seus lugares na indústria, em particular em empresas detidas pelo Estado, estaremos a falar de milhões e milhões de pessoas sem emprego.
No final deste ano, o congresso do Partido Comunista Chinês deverá confirmar o segundo mandato de Xi Jinping como Presidente do país e anunciar mudanças na cúpula do partido único, incluindo no Comité Permanente do Politburo.