Offshores: ex-director do fisco admite possibilidade de erro informático
Azevedo Pereira afirma que apenas uma das 20 declarações polémicas deu entrada ou diz respeito ao período em que foi director-geral. Confirma também que, tanto quanto sabe, o que aconteceu foi que parte das informações não chegaram ao sistema central do fisco.
Pode ter sido apenas um erro informático, embora não seja totalmente de descartar que haja responsabilidade humana. O que é certo é que nem toda a informação enviada pelos bancos sobre as polémicas transferências para paraísos fiscais chegou ao sistema informático central da Autoridade Tributária. Foi esta a explicação dada nesta sexta-feira no Parlamento por José Azevedo Pereira, ex-director do fisco.
“Não sei se é só um problema informático”, afirmou Azevedo Pereira aos deputados, que deu algumas explicações técnicas para explicar a razão de nem toda a informação ter chegado ao sistema informático central da AT.
“A informação chega ao sistema, fica num primeiro armazém, de seguida é transferida, não está preparada para ser trabalhada e vai para um armazém central – o sistema central da AT”, disse Azevedo Pereira, afirmando de seguida que “uma parte das linhas que foram transmitidas não passaram para o segundo armazém”.
Assumindo que a situação é pouco habitual – “não há a este nível, que eu me lembre, notícia de um problema como este que está aqui em causa” –, o homem que dirigiu o fisco de Setembro de 2007 a Julho de 2014 recusa um papel importante nesta polémica. “Aparentemente, das 20 declarações, apenas uma diz respeito ou deu entrada no período em que eu fui director-geral.”
Nas respostas aos deputados sobre a falta de controlo de 10 mil milhões de euros transferidos para offshores, Azevedo Pereira diz que o que se sabe hoje é que "a informação que chegou à inspecção não era toda a informação que deveria ter chegado", ou seja, parte das 20 declarações não passaram para o sistema central.
O ex-director do fisco foi explicando que há uma possibilidade forte de erro informático, não descartando a possibilidade de haver mão humana, e pediu para se esperar pelo relatório da Autoridade Tributária. Até porque, garantiu, apesar de os dados não terem sido publicados, continuaram a ser fiscalizados. "Os dados que chegaram à inspecção em condições de serem tratados, foram tratados dos moldes em que tinham sido tratados em anos anteriores".