Fillon pondera desistir da candidatura à presidência francesa

Fonte próxima do candidato diz que este usará o comício de domingo para testar o apoio que reúne. Alain Juppé abre a porta a substitui-lo.

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Fillon vai ser implicado na investigação à contratação da sua mulher Reuters/JEAN-PAUL PELISSIER

Face ao descalabro da candidatura de François Fillon, da qual se estão a afastar a uma velocidade estonteante todas as facções do partido Os Republicanos, Alain Juppé, o candidato derrotado nas primárias do centro-direita, disse aos seus apoiantes estar disposto a avançar na candidatura às presidenciais francesas, se Fillon renunciar. Quer tentar ajudar a pôr fim a uma situação que lhe parece "um suicídio colectivo".

O jornal Le Parisien avança que o presidente da câmara de Bordéus, que até agora se tem mantido leal a Fillon, recusando a hipótese de o substituir na candidatura, se decidiu. Mas, face à revolta iniciada na quarta-feira, depois de se saber que Fillon deverá mesmo ser constituído arguido, por causa dos empregos fictícios da sua mulher e dos seus filhos, Juppé fez saber “estar pronto”. Mas quer sentir “uma vaga de fundo” a apoiá-lo. "O apelo não pode vir só dos meus apoiantes. Tem de ser mais amplo", diz o diário parisiense.

Fonte próxima de Fillon, citada pelo Politico, avança que o candidato deverá desistir da corrida presidencial caso não sinta que a sua candidatura tem o apoio e força suficientes. A avaliação será feita domingo, após um comício que está a ser organizado para a praça do Trocadero, em Paris. "Ele pode lutar contra juízes, mas não consegue lutar contra o seu próprio partido durante muito mais tempo", disse a fonte, que manteve o anonimato.

Fillon afirmou esta semana que se manteria candidato. "Não vou ceder, não me vou render, não me vou retirar", garantiu, dizendo-se vítima de um “assassínio político sem precedentes”.“Será apenas o sufrágio universal e não uma investigação encomendada que irá definir o meu futuro”, asseverou.

Mas não está a conseguir conter um êxodo dos que apoiavam a sua candidatura - há jornais que têm contadores das deserções, o Libération tem 75 nomes. "É uma hemorragia", descreve o Le Monde.

Esta sexta-feira, Thierry Solère, porta-voz de Fillon e organizador das primárias do centro-direita, anunciou através da sua conta pessoal na rede social Twitter que decidiu abandonar as suas funções. Solère junta-se ao conjunto de pessoas que nos últimos dias se tem afastado do candidato do centro-direita, que foi convocado pelos juízes de instrução para prestar declarações a 15 de Março e então ser constituído arguido.

Este afastamento surge um dia depois de o Gabinete Central e Luta Contra a Corrupção e as Infracções Financeiras e Fiscais ter realizado buscas na casa de Fillon, em Paris. 

O primeiro a abandonar o apoio à candidatura de Fillon foi Bruno Le Maire. Com ele saíram os que lhe são próximos, seguindo-se os apoiantes de Juppé, muitos sarkozistas, bem como próximos de Nathalie Kosciusko-Morizet.

Le Maire sublinhou "a falta de respeito do candidato", que tinha prometido inicialmente desistir da corrida presidencial se fosse constituído arguido. “Acredito no respeito pela palavra dada, ela é indispensável à credibilidade na política”, escreveu em comunicado, invocando o respeito pelos seus princípios como factor determinante no seu afastamento de Fillon.

Muitos outros políticos, próximos de Le Maire, de Alain Juppé e outras figuras importantes do partido de centro-direita Os Republicanos têm estado a desligar-se da campanha desde quarta-feira.

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