Crianças de espectáculo cancelado pela CNB protestam esta quinta-feira
Manifestação à porta do Teatro Camões pede a reposição de 1HD - Uma História da Dança, cancelado por decisão da companhia.
Crianças do elenco do espectáculo 1HD – Uma História da Dança, de Bruno Cochat, cancelado pela Companhia Nacional de Bailado, vão protestar esta quinta-feira, em frente ao Teatro Camões, em Lisboa, disse o coreógrafo à agência Lusa.
Contactado pela Lusa, o também director artístico do espetáculo indicou que irá estar presente no protesto, a partir das 20h, "por solidariedade" para com o elenco, que chegou a ter duas apresentações, em Janeiro e Fevereiro, e em seguida foi cancelado. "O protesto tem como objectivo pedir a reposição do espectáculo cancelado", explicou Bruno Cochat, acrescentando que "as crianças e familiares não entendem bem a explicação que foi dada" pelo conselho de administração do Organismo de Produção Artística (Opart).
Na última sexta-feira, o Opart divulgou um comunicado justificando a mudança de coordenação do centro educativo da CNB – colocando Rui Lopes Graça no lugar de Bruno Cochat, com quem foi rescindido o contrato – com a "necessidade de imprimir um novo impulso" ao projecto.
Quanto ao cancelamento do 1HD – Uma História da Dança, com coreografia e direcção artística de Bruno Cochat, resultado de uma encomenda da CNB para ser apresentado durante a sua temporada de 2016-17, o conselho de administração refere que "com recursos maioritariamente da companhia, o espectáculo tinha previstas seis apresentações para escolas e seis para público em geral".
"Após a apresentação dos quatro primeiros espetáculos (25 e 28 de Janeiro e 1 e 4 de Fevereiro), entendeu-se que não estavam reunidas as condições para prosseguir com a calendarização anunciada, tendo por isso cancelado as restantes apresentações", acrescenta. "No entanto, todos os contratos referentes aos artistas e técnicos do espetáculo serão integralmente cumpridos", indica o conselho de administração.
O espectáculo tinha interpretação de artistas da Companhia Nacional de Bailado e de alunos da Escola A Voz do Operário, em Lisboa. São essas crianças e seus familiares, com outros membros da equipa, segundo Bruno Cochat, que vão protestar na quinta-feira, a partir das 20h, em frente à entrada principal da CNB, no Teatro Camões, em Lisboa.
"Eles querem falar com a actual direcção da CNB [liderada por Paulo Ribeiro] porque não entenderam as explicações que lhes foram dadas. Eu também não entendo e é inédito cancelar desta forma um espectáculo. Abre-se um precedente", defendeu Bruno Cochat à Lusa. Caso não sejam recebidos, pretendem entregar uma carta a pedir as explicações sobre o cancelamento, carta essa que já foi enviada por correio, indicou o coreógrafo.
O centro educativo, localizado nas instalações da CNB na rua Vítor Córdon, em Lisboa, funciona desde setembro de 2016 para a realização de um projecto educativo lançado pela anterior directora artística da companhia, Luísa Taveira, para ser partilhado com o Teatro Nacional de São Carlos (TNSC), que o Opart também tutela.
Na sexta-feira, o coreógrafo Bruno Cochat divulgou publicamente uma "carta aberta" na qual sustenta que não lhe foram dadas razões para a rescisão do contrato assinado com a CNB para coordenar daquele espaço por três anos, nem sobre o cancelamento, na temporada, do espetáculo 1HD, da sua autoria.
Por seu turno, sobre a saída de Bruno Cochat, a administração do Opart agradeceu, no comunicado, a sua colaboração, mas justificou que houve "a necessidade de imprimir um novo impulso programático e uma maior dinâmica a este projecto, após um período de avaliação realizado com os directores artísticos do TNSC [Patrick Dickie] e da CNB [Paulo Ribeiro]".
O conselho de administração do OPART sustenta ainda que pretende posicionar o centro educativo "como um espaço incontornável e de referência para a cidade e para o país, transformando-o num local vivo, inclusivo e aberto a todos os tipos de públicos".
A concretização do projecto da escola de dança da CNB para crianças, inserido na nova temporada de 2016/2017 da companhia e nas iniciativas das celebrações dos 40 anos da entidade, em 2017, foi anunciada em Julho pela então directora artística da companhia, Luísa Taveira. Na altura, numa entrevista à agência Lusa, a responsável justificou a concretização do projecto – que também iria incluir masterclasses, aulas para adultos e oficinas – com o objectivo de criar "outras ofertas para o público".