Trump reage a ataques contra comunidade judaica: "O anti-semitismo é horrível e tem de parar"
Uma vaga de ataques e ameaças contra a comunidade judaica alastrou-se a todos os EUA nos últimos tempos. Donald Trump falou depois de críticas pela falta de reacção por parte da Administração americana.
As ameaças e ataques contra a comunidade judaica estão a alastrar-se nos últimos tempos nos Estados Unidos, levando Donald Trump a qualificar, esta terça-feira, a situação como “horrível” e a apelar ao combate contra o anti-semitismo e o extremismo.
Durante uma visita ao Museu Nacional de Cultura Afro-Americana, no mês em que se celebra a história negra nos EUA (Black History Month), o Presidente americano reagiu aos incidentes: “Esta visita foi uma lembrança significativa do porquê de termos de combater o fanatismo, ódio e intolerância em todas as suas formas horríveis. As ameaças anti-semitas contra a nossa comunidade judaica e centros comunitários são horríveis e dolorosos e uma lembrança muito triste do trabalho que ainda tem de ser feito para erradicar o ódio, o preconceito e o mal”, cita a CNN.
Horas antes várias personalidades instaram a Administração americana a reagir ao que se tem passado um pouco por todo o país. Uma das quais foi a concorrente de Donald Trump durante as eleições presidenciais, Hillary Clinton. No Twitter, a democrata defendeu que “toda a gente deve falar, a começar (pelo) Presidente”.
Numa entrevista à MSNBC, também no museu, Trump reforçou que o anti-semitismo é “horrível” e que vai “parar e tem de parar”.
Esta segunda-feira e também no Twitter, a filha do Presidente, Ivanka Trump, que é casada com um judeu ortodoxo, referiu-se às tensões: “A América é uma nação construída sob o princípio da tolerância religiosa. Nós temos de proteger as nossas casas de oração e centros religiosos”.
Os ataques à comunidade judaica
A pressão realizada para que a Casa Branca e o Presidente norte-americano reagissem à situação aumentou quando a Associação do Centro Comunitário Judaico norte-americana revelou que, desde Janeiro, 54 centros comunitários judaicos por todo o país tinham recebido 69 ameaças, incluindo três vagas de ameaças de bomba, diz a CNN.
Além disso, esta segunda-feira foi noticiada a vandalização de um cemitério judaico histórico situado no Missouri. Cerca de 100 lápides, de sepulturas de judeus falecidos, foram derrubadas ou danificadas, informou a polícia, sem especificar a altura em que o incidente ocorreu, explicando apenas que foi chamada ao local esta segunda-feira.
As autoridades investigam agora o ocorrido, sem informar se estão a tratar o caso como um caso de vandalismo ou como um crime de ódio, diz o canal local KTVI-TV.
O governador do Missouri, Eric Greitens, reagiu às notícias no Twitter, afirmando-se “enojado” por saber do “insensato acto de profanação” no referido cemitério. “Nós temos de combater actos de intolerância e ódio”, concluiu.
Também esta segunda-feira, e provavelmente antes de saber do incidente no cemitério judaico, a Casa Branca reagia às ameaças contra os centros comunitários: “O ódio e a violência de qualquer tipo motivado pelo ódio não têm lugar num país fundado na premissa da liberdade individual. O Presidente deixou abundantemente claro que estas acções são inaceitáveis”, afirmou a secretária para imprensa adjunta da Casa Branca, Lindsay Walters, citada pela CNN.
Apesar de tudo, e até esta comunicação, a falta de reacção por parte da Casa Branca estava a gerar uma onda de críticas. Apesar de Walters afirmar que o Presidente tinha já deixado claro a condenação aos actos praticados contra os judeus nos Estados Unidos, a verdade é que Donald Trump tinha já sido confrontado presencialmente com a situação, preferindo, na altura, desviar-se do tema.
Durante a conferência de imprensa realizada na última quinta-feira, e que a comunicação social americana já considera como histórica, um jornalista judeu ortodoxo levantou-se para deixar uma questão ao Presidente americano, isto depois de este ter pedido uma pergunta de um "jornalista amigo”. O repórter questionou então Trump sobre este tipo de situações e sobre o aparente crescimento do anti-semitismo. “Eu sou a pessoa menos anti-semita que vai ver em toda a sua vida”, respondeu Donald Trump acrescentando que é também a “pessoa menos racista”. De seguida mandou o jornalista sentar-se e considerou a questão “insultuosa”.