Vila Velha de Ródão diz que boa notícia era impedir construção do armazém em Almaraz
Presidente da autarquia gostaria que a Comissão Europeia ordenasse a não construção do armazém que poderá prolongar a vida da central nuclear.
O presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira, disse esta terça-feira que uma boa notícia sobre a central nuclear espanhola de Almaraz seria o anúncio da não construção do armazém de resíduos nucleares.
"Para nós [Vila Velha de Ródão], o que nos deixaria mais sossegados era que não se fizesse absolutamente armazém nenhum, porque não faz sentido prolongar aquela instalação quando já foi prolongado [o seu funcionamento] por mais 10 anos", adiantou à agência Lusa o presidente deste município do distrito de Castelo Branco.
O autarca reagiu assim ao anúncio da Comissão Europeia de que acordou com os governos de Portugal e Espanha uma "resolução amigável" para o litígio em torno de Almaraz, que prevê uma visita conjunta à central nuclear, com a participação do executivo comunitário. Até lá, Espanha compromete-se, nos termos do mesmo acordo, a não emitir nem executar a autorização para iniciar o funcionamento do armazém, tido pelos ambientalistas como um sinal de que Espanha se prepara para renovar, uma vez mais, o tempo de vida daquela central, que tem encerramento previsto para 2020.
Portugal, por seu lado, compromete-se a retirar a queixa que apresentou à Comissão Europeia, a 16 de Janeiro, contra Espanha, pelo facto de as autoridades espanholas não terem procedido a uma avaliação dos impactos transfronteiriços.
Luís Pereira refere que esta posição é uma evolução no processo, mas adianta que "peca por também não ficar já expresso por parte da União Europeia uma exigência de suspensão de tudo aquilo que tem a ver com a construção do armazém".
"Isso para nós é que era uma boa notícia", sustentou.
O presidente do município de Vila Velha de Ródão disse ainda que, para já, aquilo que é do conhecimento público é a intenção de o Governo espanhol avançar com a construção do armazém.
A funcionar desde o início da década de 1980, a central está situada junto ao Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.