Dióxido de enxofre 500 vezes acima da média encerra todas as escolas em Setúbal
O incêndio que esta terça-feira deflagrou em dois armazéns de enxofre provocou alterações na qualidade do ar. As condições climatéricas estão a dificultar a dissipação da nuvem de fumo.
A Câmara de Setúbal mandou encerrar todas as escolas do concelho nesta quinta-feira, face às recomendações da Direcção-Geral da Saúde devido à poluição provocada pelo incêndio na Sapec, na terça-feira.
"A autarquia decidiu promover o fecho dos estabelecimentos de todos os graus de ensino com base nas declarações do director-geral da Saúde, Francisco George, proferidas em conferência de imprensa realizada na quarta-feira, que apontam para a existência de riscos para a saúde humana devido ao incêndio nos armazéns de enxofre da Sapec localizados na Península da Mitrena", informa a página oficial do município na Internet.
"A autoridade sanitária aconselhou cuidados especiais à população, como evitar a permanência no exterior ou fazer esforços ao ar livre, em particular a alguns grupos, como crianças, idosos e portadores de doenças do foro respiratório ou cardíaco", justifica o município.
A estação de monitorização da qualidade do ar no centro da cidade de Setúbal registou 503 microgramas de dióxido de enxofre por metro cúbico de ar, um número cerca de 500 vezes superior ao normalmente registado, abaixo de 1 ug/m3, cita a TSF.
Segundo o director-geral da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, a população tem de ser avisada quando no ar há mais de 500 microgramas de dióxido de enxofre por metro cúbico. Lacasta acrescentou ainda que esses valores foram superados e numa das estações de medição chegaram aos 900 microgramas.
Inicialmente, os valores não levantavam preocupação e as autoridades previam que os valores da qualidade do ar normalizassem até ao final de terça-feira, com o afastamento da nuvem da região de Setúbal. No entanto, uma nova mudança de direcção de vento levou para a cidade os poluentes resultantes do incêndio. A alteração da qualidade do ar foi detectada em várias localidades e chegou até ao Porto.
Em conferência de imprensa, o director-geral de Saúde, Francisco George, aconselhou os habitantes da península de Setúbal a protegerem-se devido a elevados níveis de dióxido de enxofre no ar, esclarecendo que crianças, idosos e doentes com problemas respiratórios crónicos ou cardiovasculares não devem sair de casa e fechar as janelas, cita a Lusa. Mais de 24 horas depois do incêndio, continua a ser libertado dióxido de enxofre para a atmosfera. Francisco George considerou que as próximas 12 horas são as mais críticas.
A conferência de imprensa para informar dos "potenciais riscos para a saúde humana" decorrentes da nuvem tóxica na zona de Setúbal juntou responsáveis da Direcção-Geral e da Agência Portuguesa do Ambiente, da Protecção Civil, do INEM e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
O incêndio provocou seis feridos que já tiveram alta hospitalar. O Ministério Público já informou que decidiu instaurar um inquérito para averiguar responsabilidades confirmou ao PÚBLICO fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR).