Montijo é solução “sólida” e “financeiramente comportável”
Ministro do Planeamento e Infra-estruturas assume “de forma inequívoca” a escolha de Montijo como complemento a Lisboa.
A utilização da Base Aérea do Montijo como complemento ao aeroporto de Lisboa é “uma solução sólida” afirmou nesta quarta-feira Pedro Marques, ministro do Planeamento e Infra-estruturas. E é, também, defendeu, “financeiramente comportável para o Estado, com condições para o seu custo ser integralmente suportado através das receitas aeroportuárias”.
Antes, porém, o ministro apontou baterias ao anterior executivo, ao falar da decisão de privatizar a ANA e de receber um “encaixe extraordinário antecipado do valor económico” da empresa, o que veio a condicionar “a opção de construção de raiz de um novo aeroporto".
O ministro falava na cerimónia de assinatura do memorando de entendimento com a ANA – Aeroportos de Portugal, que se compromete a "estudar aprofundadamente" a hipótese de a Base Área do Montijo vir a funcionar como complemento ao aeroporto Humberto Delgado, no centro de Lisboa.
Antes, o presidente do grupo Vinci (dono da ANA), Nicolas Notebaert, destacara o “crescimento impressionante” do tráfego aéreo nos aeroportos nacionais. De acordo com os dados da empresa, ao longo do ano passado “todos os meses foram de recordes de passageiros no aeroporto Humberto Delgado”. Em termos anuais, Lisboa cresceu 11,7% para 22,4 milhões de passageiros.
O memorando, além da prever o uso de Montijo como capacidade complementar, prevê também uma “solução integrada” que implica um novo Plano Director para o aeroporto Humberto Delgado poder “atingir a sua capacidade máxima e permitir a competitividade enquanto hub internacional”.
De acordo com o Governo, as obras para levar aviões civis para o Montijo deverão iniciar-se em 2019, e terminar em 2021. Para já, até Novembro deste ano deverão estar finalizados os estudos ambientais em curso (como o que está a analisar a migração das aves). Depois, na primeira metade do ano que vem serão "concluídas a avaliação ambiental e a negociação contratual" com a concessionária. Finalmente, nesse ano deverá ser aprovada a proposta final da ANA, de modo a que as obras tenham início.
Na sua intervenção final, o primeiro-ministro, António Costa, falou da opção por um “aeroporto de dupla face”, que não servirá “Lisboa e Montijo” mas sim “o conjunto da região”, numa referência aos municípios da península de Setúbal que, liderados por autarcas comunistas, estão contra a solução agora apresentada. “Já consumi milhares de horas a ler estudos que disseram tudo e o seu contrário. Depois de estudar, importa decidir”, afirmou, rematando que talvez no passado fosse possível decidir de outra forma.