Quercus: corte de freixos em Marvão foi operação de “duvidosa legalidade”
A organização ambientalista assinala que algumas das árvores abatidas não apresentavam "sinais de má conservação ou perigo para a segurança pública".
A Quercus exige que sejam divulgados os “pareceres técnicos” que levaram a empresa pública Infraestruturas de Portugal (IP) a ordenar o abate de sete dos dez freixos sinalizados na Estrada Nacional 246-1, junto à localidade da Portagem, no concelho de Marvão.
A Quercus diz ter recebido várias denúncias logo que as árvores começaram a ser derrubadas e já solicitou esclarecimentos à IP, “tendo em vista o apuramento de responsabilidades decorrente deste abate de árvores.”
A organização ambientalista assinala, com base em informações recolhidas no local, que algumas das árvores abatidas e outras sinalizadas para abate “não apresentavam quaisquer sinais de má conservação ou perigo para a segurança pública.”
Reportando-se à página do ICNF na Internet, os cerca de 300 freixos centenários (148 freixos do lado Norte e 173 do lado Sul) foram inclusivamente classificados como “árvores de interesse público”. Pela sua dimensão e conjunto, formam uma “magnífica alameda de altos e frondosos freixos”, conforme destaca a ficha de caracterização oficial do ICNF.
Face ao sucedido, a Quercus admite que se esteja na presença de “operações de duvidosa legalidade e oportunidade”, frisando que este tipo de intervenções nas árvores junto às vias públicas revelam que “são abatidas sem justificação ou segundo critérios muito duvidosos.”
Confrontada com mais um caso de derrube de árvores que suscitou polémica na Câmara de Marvão, e porque se trata de “situações que são recorrentes”, a Quercus exige ao Governo, e em especial ao Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas que tutela a empresa Infra-estruturas de Portugal, “uma actuação mais firme e responsável, de modo a que árvores saudáveis não sejam abatidas sem razões válidas e sem a ponderação de outras alternativas mais adequadas.”
Os ambientalistas realçam que o local onde decorreu o abate de segunda-feira está integrado no Parque Natural da Serra de São Mamede e, “devido à sua singularidade paisagística, é um autêntico cartão de visita da região”, constituindo-se como um património natural e cultural que tem sido conservado pelas populações ao longo dos anos.