Economia mantém crescimento forte no quarto trimestre
PIB aumenta 0,6% no quarto trimestre e coloca taxa de crescimento de 2016 em 1,4%, acima das últimas previsões do Governo. Investimento dá sinais de retoma.
A economia portuguesa registou nos últimos três meses do ano passado um crescimento de 0,6%, mantendo o ritmo forte já apresentado no terceiro trimestre e garantindo uma taxa de crescimento no total do ano de 1,4%, acima dos 1,2% previstos pelo Governo e dos 1,3% estimados pela Comissão Europeia.
De acordo com os dados publicados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em comparação com o mesmo período do ano anterior, a variação do PIB no quarto trimestre foi de 1,9%, uma subida em relação aos 1,6% do terceiro trimestre.
Depois de um início de ano em que o crescimento ficou bastante abaixo das expectativas, com uma variação de apenas 0,9%, a economia portuguesa conseguiu, com base numa aceleração do consumo privado e na manutenção de resultados positivos nas exportações, arrancar a partir do terceiro trimestre para taxas de crescimento superiores à da média da zona euro, superando a generalidade das previsões, incluindo as mais recentes do Governo.
O executivo tinha no início do ano apontado para um crescimento de 1,8% em 2016, mas depois da primeira metade de crescimento lento, viu-se forçado a rever as previsões para 1,2%, mais próximo daquilo que a Comissão Europeia, o Banco de Portugal e o FMI projectavam.
No total da zona euro, de acordo com os dados também publicados esta segunda-feira pelo Eurostat, a taxa de crescimento face ao trimestre anterior foi de 0,4%, ao passo que em comparação com o mesmo período do ano anterior foi de 1,7%. Isto significa que, pela primeira vez nos últimos três anos, Portugal registou, em termos homólogos, um ritmo de crescimento mais elevado do que a média da zona euro, interrompendo uma tendência de divergência que se têm vindo a registar nos últimos anos.
Investimento recupera
Na estimativa rápida do PIB revelada esta segunda-feira, o INE não publica ainda detalhes sobre a evolução das diferentes componentes do PIB. Ainda assim, adianta que, ao contrário do que vinha acontecendo no resto do ano, o investimento deu sinais de recuperação.
O INE afirma que a aceleração da variação homóloga do PIB de 1,6% para 1,9% se deveu ao “aumento do contributo da procura interna, observando-se uma recuperação do investimento e um crescimento mais intenso do consumo privado”. E quando olha para a variação de 0,6% do PIB em cadeia, a autoridade estatística destaca que o contributo da procura interna voltou a ser positivo, “traduzindo, principalmente, a evolução do investimento”.
O factor mais negativo presente no comunicado do INE é o regresso de um contributo negativo da procura externa. Não porque as exportações tenham abrandado, mas porque, com o consumo e o investimento a crescerem, as importações voltaram a subir mais. Esta tem sido uma marca da economia portuguesa nas última décadas: sempre que a economia se acelera, fá-lo à custa do equilíbrio da balança externa.