Transtejo admite reformular oferta se Montijo receber aeroporto
Decisão definitiva está condicionada à conclusão de um relatório sobre o impacto da migração de aves.
O Grupo Transtejo está a avaliar a reformulação da oferta do seu serviço na ligação marítima entre Lisboa e a margem sul devido à possibilidade de a Base Aérea do Montijo ser transformada em aeroporto comercial. "O Grupo Transtejo aguarda com grande expectativa uma decisão sobre o novo aeroporto do Montijo, que a concretizar-se poderá significar o reposicionamento da sua actividade face à procura estimada.
Nesse sentido, o Grupo Transtejo está a equacionar a reformulação da oferta, por forma a disponibilizar aos futuros passageiros do aeroporto do Montijo a possibilidade de chegar a Lisboa pelo rio Tejo", refere a empresa em resposta escrita enviada hoje à agência Lusa.
O primeiro-ministro, António Costa, afirmou na quarta-feira (8 Fevereiro) que uma decisão definitiva sobre a localização do futuro aeroporto no Montijo está condicionada à conclusão de um relatório sobre o impacto da migração de aves naquela zona, nomeadamente para a segurança migratória.
A Transtejo presta um serviço público de transporte fluvial integrado no sistema global da Área Metropolitana de Lisboa, com seis terminais e três estações, fazendo a travessia do Tejo entre Lisboa - Cais do Sodré, Belém, Terreiro do Paço -- para a margem sul -- Cacilhas, Seixalinho (Montijo), Barreiro, Seixal, Trafaria e Porto Brandão.
Por seu turno, a Fertagus, que faz o serviço ferroviário suburbano de passageiros entre a estação de Roma-Areeiro, em Lisboa e a estação de Setúbal uma extensão de 54 km, adiantou à Lusa que, "no âmbito da concessão que existe não opera directamente para a aérea em questão". "Não há ligação ferroviária ao Montijo e não está previsto que exista. Por isso no âmbito daquilo que existe, o grupo não está a estudar ou a analisar nenhum cenário", avançou à Lusa fonte da empresa.
António Costa afirmou, no debate quinzenal, a existência de um acordo com a ANA [Aeroportos de Portugal] de "que é necessário aprofundar o estudo relativamente à solução que aparenta viabilidade, que é a do Montijo, mas é uma viabilidade que está condicionada ainda a dados que só poderemos ter no final do ano, designadamente sobre o impacto de ser uma zona de migração de pássaros".
O chefe do executivo falava no debate quinzenal no parlamento em resposta à presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, que o questionou sobre o futuro aeroporto de Lisboa, reiterando que a Assembleia da República tem pedido estudos que não têm sido enviados. "O resultado sobre esse impacto, sobre a migração dos pássaros, só pode estar concluído no final do ano. Não permitirá decisões definitivas até essa altura, mas permite concentrar a nossa avaliação relativamente a uma das várias soluções possíveis e ir desenvolver o trabalho nesse sentido", afirmou ainda António Costa, sublinhando que a "segurança aeronáutica" pode conflituar com esse percurso migratório de aves, que passa pelo Montijo.
Para esta semana estão agendadas várias reuniões, nomeadamente da Câmara de Lisboa, que vai realizar uma reunião extraordinária para debater as consequências da criação no Montijo de um aeroporto e as "medidas necessárias" para evitar prejuízos para a cidade, além de uma outra da Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) e os municípios seus associados.