CDS insiste que Centeno tentou "ocultar" de propósito emails de Domingues

Os centristas respondem ao comunicado das Finanças rebatendo os argumentos do Governo para não entregar os emails que o ministério trocou com António Domingues.

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João Almeida acusou Centeno de quebrar a verdade Nuno Ferreira Santos

Ministério das Finanças e CDS continuam na troca de comunicados sobre a polémica em torno da entrada de António Domingues na Caixa Geral de Depósitos. Depois da acusação do CDS desta quinta-feira, o gabinete de Mário Centeno respondeu e agora o CDS envia um comunicado a dizer que "ao proceder desta forma ficou claro que o Ministério das Finanças procurou ocultar as comunicações que manteve com o Dr. António Domingues e a forma inaceitável como conduziu este processo".

Em causa está uma nova polémica por causa das condições que terão sido negociadas com Domingues para aceitar ser presidente do banco público. Os centristas acusaram ontem o ministro das Finanças de "quebra de vontade" e o ministério respondeu dizendo que se tratou de "vil tentativa de assassinato de carácter", dando vários argumentos para a não entrega de documentos requeridos pela comissão de inquérito à gestão da CGD, a pedido do CDS.

No comunicado, as Finanças acusavam o CDS de ter "truncado" a informação e os centristas defendem-se dizendo que o CDS "disponibilizou o requerimento formulado e a resposta do Ministério das Finanças, na sua totalidade, não tendo truncado nenhum documento, nem omitido qualquer informação prestada. Facto que o Ministério das Finanças escolheu omitir, insinuando e chegando até a afirmar o contrário".

Além deste argumento, os centristas rebatem os três argumentos centrais da resposta do ministério. O primeiro argumento era de que o ministério não respondeu a uma carta de Domingues de Abril logo "não integrava uma troca de comunicações, uma vez que nunca teve resposta”. O CDS vem argumentar que isso "é demonstrativo da tentativa de o Ministério das Finanças iludir o que efectivamente está em causa".

Como segundo argumento, o ministério diz que os emails com “apreciações técnicas ao EGP não se ajustam ao objecto do pedido, uma vez que não correspondem a condições formuladas pelo Dr. António Domingues para aceitação do convite”. Ora, aqui, os centristas lembram que houve dois critérios diferentes uma vez que Domingues enviou esta informação à comissão de inquérito.

E, por fim, o ministério dizia que foram excluídas “comunicações posteriores à entrada em funções” da administração de Domingues. Os centristas lembram que o pedido não tinha data e que "a entrada em funções da nova administração não impede a referência posterior às condições acordadas previamente".

Por isso, os centristas insistem nas acusações a Mário Centeno, reforçando a ideia que "não disse a verdade". No mesmo comunicado, o CDS não vai tão longe em admitir um processo na justiça, mas relembra que "mentir numa Comissão de Inquérito é politicamente grave e pode, inclusivamente, nos termos da lei, constituir crime. O senhor ministro das Finanças e o senhor primeiro-ministro terão de retirar as suas consequências".

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