Governo contraria OCDE e diz que desemprego vai cair abaixo dos dois dígitos

Organização internacional prevê que diminuição do desemprego em Portugal vá ser mais "muito mais lenta" do que nos últimos dois anos.

Foto
O relatório da OCDE sobre Portugal está a ser apresentado em Lisboa Daniel Rocha

O ministro das Finanças, Mário Centeno, afirmou esta segunda-feira que a taxa de desemprego em Portugal vai cair abaixo dos dois dígitos, ao contrário do que prevê a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

"Portugal registou, ao longo de 2016, das maiores descidas da taxa de desemprego na Europa, de dois pontos percentuais, com a taxa a ficar no limiar dos 10%. Baixaremos do limiar dos dois dígitos. Se o fizermos, teremos de pedir desculpa ao secretário-geral [da OCDE Angel] Gurría: o relatório prevê que tal não aconteça", disse o governante.

Mário Centeno referia-se ao relatório da OCDE sobre a economia portuguesa que foi hoje divulgado e em que a organização refere que, tendo em conta o "baixo crescimento", mas também um salário mínimo mais elevado e a continuação da rigidez do mercado de trabalho, a queda do desemprego seja "muito mais lenta do que nos últimos dois anos" e que "é provável que o desemprego continue nos dois dígitos, entre os mais altos da União Europeia".

Reconhecendo a OCDE que o desemprego tem estado a cair, alerta que continua em "níveis desconfortavelmente elevados", nos 10,5%, uma proporção que é de 26,1% entre os jovens.

Hoje, na apresentação formal do relatório que decorre no Ministério das Finanças, em Lisboa, o ministro Mário Centeno referiu-se a esta projecção, mas para garantir que ela não se vai concretizar.